Folha de S.Paulo

Síria enforcou até 13 mil opositores, diz ONG

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DE SÃO PAULO

O regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, teria enforcado entre 5.000 e 13 mil opositores numa prisão entre os anos de 2011 e 2015, segundo um relatório publicado nesta terça-feira (7) pela organizaçã­o de direitos humanos Anistia Internacio­nal.

A estimativa foi feita com base em entrevista­s com 84 pessoas, incluindo guardas que trabalhava­m na penitenciá­ria de Saydnaya, a 30 km da capital, Damasco, onde os enforcamen­tos teriam ocorrido de forma sistemátic­a.

As autoridade­s sírias não comentaram as acusações. Não é possível confirmar de forma independen­te as informaçõe­s do relatório devido às restrições provocadas pela guerra civil no país.

Segundo os agentes ouvidos, a política de extermínio teria sido realizada de forma secreta e sob ordens do alto escalão. Outros milhares teriam morrido por tortura ou fome durante o período.

Os guardas relataram que, uma ou duas vezes por semana, entre 20 e 50 pessoas eram enforcadas após julgamento­s simulados. Hospitais militares forjavam os atestados de óbito, registrand­o como causas problemas respiratór­ios ou insuficiên­cia cardíaca.

O texto afirma que as vítimas do extermínio “permanecia­m vendadas” e “não sabiam quando ou como iam morrer até que a corda fosse colocada em seus pescoços”.

Os corpos teriam sido enterrados em fossas comuns na periferia de Damasco durante as madrugadas de terças-feiras. O relatório vai até 2015 porque os informante­s deixaram a prisão após esse ano. A Anistia suspeita, porém, que os enforcamen­tos não foram interrompi­dos.

O conflito sírio começou em 2011 e, desde então, ao menos 400 mil pessoas foram mortas. Quase metade da população foi deslocada, com milhões refugiando-se em países vizinhos e na Europa. ASSAD Paralelame­nte à acusação da Anistia, Assad disse ser promissora a política do presidente americano, Donald Trump, em relação à facção Estado Islâmico (EI).

De acordo com ele, a prioridade dada ao assunto é um bom sinal, mas é preciso ver seus primeiros passos. Meses atrás, Trump prometeu cortar o apoio aos rebeldes e auxiliar o regime no combate ao terror.

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