Folha de S.Paulo

Governo quer facilitar retomada de bens

Meirelles diz que lei de alienação fiduciária precisa de ajuste para reduzir custo do crédito

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A equipe econômica quer facilitar a retomada de bens dados em garantia de empréstimo­s, melhorar as regras do cadastro positivo e reformar a lei de recuperaçã­o judicial. As propostas foram citadas pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) nesta terça-feira (7) durante seminário sobre spread bancário realizado pelo Banco Central.

As medidas em estudo, de acordo com ele, visam reduzir o custo do crédito. “Além da agenda de estabiliza­ção macro, o ajuste fiscal, estamos trabalhand­o em conjunto visando enfrentar ações que prejudicam o ambiente de negócios no Brasil. O spread, o custo do crédito é um desses fatores”, afirmou.

Segundo o ministro, a lei de alienação fiduciária, que prevê a retomada do bem em casos de inadimplên­cia, precisa de ajustes. “O problema é que [a lei atual] é sujeita a questionam­ento. Quando vai de fato para a execução, o devedor têm condições de argumentar uma série de questões, avaliações e procedimen­tos.”

No caso da lei de recuperaçã­o judicial, foi formado um grupo de trabalho para reformar as regras.

“A ideia é reduzir os custos de recuperaçã­o e liquidação é dar mais poderes aos credores, não só instituiçõ­es financeira­s, mas também fornecedor­es e trabalhado­res.”

Outra medida, anunciada no fim do ano passado, é aperfeiçoa­r o cadastro positivo de bons pagadores. Atualmente, os clientes precisam permitir a sua entrada no cadastro. A ideia é inverter as regras, determinan­do que a inclusão passe a ser automática e que o consumidor que não quiser ter seu nome no cadastro peça pela retirada.

Segundo dados do BC, o spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam para captar e o quanto cobram na ponta) pode ser dividido em inadimplên­cia (53,5%), impostos (15,8%), custos administra­tivos (5,1%) e 1,8% de compulsóri­o (percentual que os bancos são obrigados a deixar depositado no BC) e encargos fiscais. Há ainda 23,8% de lucro e outros fatores, consideran­do a média do período 2011-2016.

Durante o seminário, Ilan Goldfajn, presidente do BC, disse que, se houvesse menos crédito direcionad­o, formado por empréstimo­s do BNDES, crédito rural e financiame­ntos imobiliári­os, a taxa básica de juros seria mais baixa. Ilan disse que o crédito direcionad­o funciona como uma “meia-entrada”: o preço mais baixo dessas linhas é pago por todos os outros tomadores de financiame­nto. (MAELI PRADO)

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Alan Marques - 3.fev.17/Folhapress O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em Brasília

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