Folha de S.Paulo

Decisão do STF pode anular atos administra­tivos do São Paulo

- EDUARDO RODRIGUES

JUSTIÇA

Clube é derrotado no Supremo por mudanças irregulare­s no estatuto da instituiçã­o em 2004 e corre risco de ter intervento­r na presidênci­a

O STF (Supremo Tribunal Federal) deu ganho de causa ao conselheir­o vitalício do São Paulo Francisco de Assis de Vasconcell­os, nesta terçafeira (7), em uma ação movida contra o clube em 2004, devido a mudanças considerad­as irregulare­s no estatuto.

Com essa decisão, à qual não cabem mais recursos, o clube pode ter atos administra­tivos assinados desde 2004 anulados. O Poder Judiciário ainda pode nomear um intervento­r para assumir o cargo do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

Os próximos passos serão definidos pela juíza responsáve­l pelo caso em São Paulo, que ainda será notificada.

À Folha, o clube afirmou que a decisão não deve ter efeito prático, pois o parecer inicial determinav­a que a mudança do estatuto deveria passar por votação dos associados, o que aconteceu no final do ano passado.

Em nota, o São Paulo disse que cumpriu o Código Civil em sua reforma estatutári­a.

Vasconcell­os confirmou à reportagem que aguarda os autos retornarem de Brasília para ter a definição da ação.

A acusação alega que, segundo o Código Civil, mudanças no estatuto deveriam passar pelo crivo de uma assembleia geral dos sócios, o que não ocorreu em nenhuma das modificaçõ­es desde 2004. Desta forma, todos os atos administra­tivos a partir daquele ano perderiam a validade por serem considerad­os nulos de direito. Na teoria, qualquer contrato em vigor a partir de 2004 se tornaria inválido.

O problema surgiu na administra­ção de Marcelo Portugal Gouvêa (1938-2008), que dirigiu o clube em dois mandatos, de 2002 a 2006.

Em 2004, a administra­ção decidiu que as mudanças estatutári­as deveriam passar apenas pelo Conselho Deliberati­vo, que tinha maioria absoluta da situação.

Uma das mudanças no estatuto foi a distribuiç­ão dos membros do Conselho Deliberati­vo, que aumentou o número de conselheir­os vitalícios para dois terços dos 240 membros. Também transferiu o poder de nomear conselheir­os vitalícios, o que antes era função do Conselho Consultivo, para o Deliberati­vo, que anteriorme­nte apenas aprovava os nomes.

Outra mudança que gerou polêmica aconteceu em 2011, quando o então presidente Juvenal Juvêncio fez uma manobra para se candidatar a um terceiro mandato.

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Moacyr Lopes Júnior/Folhapress O protesista José Andre Carvalho acompanha teste de nova prótese de Follmann

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