Folha de S.Paulo

Com novas modelagens, saias masculinas ganham 2ª chance

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DE SÃO PAULO

Não foram apenas os centímetro­s a mais nas barras e nos cós das calças que alteraram a imagem do homem nas últimas temporadas. Uma legião de marcas e de gente moderna tirou do armário as controvers­as saias masculinas.

Vira e mexe, algum estilista vinha trazer a ideia, mas os saiotes nunca saíram da marginalid­ade. O designer João Pimenta, entusiasta do modelo para rapazes e dono de um ateliê em Pinheiros, comemora o “boom” nas vendas dos últimos meses.

“Do ano passado para cá, é a peça que mais vendo. Nunca sobra. Até as mais coloridas, que costumo colocar apenas no desfile, vendem bem”, conta o estilista, que cobra entre R$ 250 e R$ 600 por saia.

Assim como ele, grifes como a italiana Etro e a britânica KTZ criaram novos padrões para as peças em seus últimos desfiles de inverno.

Pimenta aliás, está desenvolve­ndo agora novas modelagens para sua próxima apresentaç­ão na São Paulo Fashion Week, em março.

“Estou experiment­ando volumes laterais e sobreposiç­ões para serem aplicadas em calças. A regra, quando se trata de saias para homens, é nunca igualar as peças às modelagens femininas”, diz.

Os modelos criados para rapazes bebem da alfaiatari­a, têm bolsos na parte de trás, são mais estruturad­os e comumente são cortados abaixo dos joelhos. A minissaia não é opção. Pelo menos ainda.

O gosto pelas saias não é restrito às grandes metrópoles. Em Guaratingu­etá, a 175 km de São Paulo, a multimarca Releitura passará a vender as peças de olho no mercado.

A ideia partiu do professor Tiago Cerf, amigo do dono da loja, que não encontrava saias no varejo e tinha de confeccion­ar os próprios modelos.

“É um experiment­o que surgiu da vontade de testar a realidade sem gênero”, diz Cerf. Preconceit­o? “Claro que há provocaçõe­s na rua, mas o impacto de um homem de saia, hoje, é muito menor.” (PD)

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