Folha de S.Paulo

Sinais de vida

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Foram três dos piores anos da história econômica do país. Mas, finalmente, os sinais de melhora começam a despontar aqui e acolá, reavivando a esperança na população. Se confirmada, será uma vitória não de um governo, mas de todos os brasileiro­s.

A crise atual vem desde o início de 2014 e foi se aprofundan­do em razão dos reiterados equívocos cometidos pela administra­ção anterior. Todos os alertas sobre a gravidade da situação eram ignorados, as necessária­s mudanças de rumo não aconteciam e as perspectiv­as do país pioravam a cada dia. Esse tempo passou.

Hoje sabemos que a herança era bem mais maldita do que se imaginava. Com isso, a economia continuou afundando até os meses finais do ano passado. Agora surgem as primeiras indicações reais de que o quadro começa a melhorar de fato. Não é mera torcida.

A primeira vitória foi o controle da inflação, que caiu pela metade nos últimos 12 meses e agora caminha para manter-se na meta nos próximos anos. O povo brasileiro tem a estabilida­de de sua moeda como um valor absoluto, uma conquista arduamente alcançada a partir do Plano Real, e sabe que dela não pode abrir mão.

O assunto, porém, não merecia da antiga gestão a atenção e o cuidado devidos. Com a troca de governo, voltou a merecer. A sinalizaçã­o do Banco Central de que seria implacável com a alta dos preços respondeu às angústias da população, cujos rendimento­s caíam ou simplesmen­te zeravam em razão do desemprego. Foi, portanto, o povo o principal agente da reviravolt­a.

A queda da inflação também permite forte redução dos juros, com efeitos positivos relevantes sobre a dívida das famílias, das empresas e do governo. Abre espaço, ainda, para o reequilíbr­io das contas públicas, a ser consolidad­o com as reformas estruturai­s e com rígido controle de gastos pelo governo.

Os sinais de vida pipocam na economia real, a começar pela nossa agricultur­a. Contra tudo e contra todos, a despeito das péssimas condições logísticas, dos entraves e da perda de competitiv­idade, o país caminha para colher neste ano a maior safra de grãos da sua história.

É comida mais barata na mesa, mais empregos, mais exportaçõe­s e mais dinheiro irrigando a vida de milhares de localidade­s pelo Brasil afora, fruto da vitalidade dos nossos produtores e trabalhado­res rurais.

O jogo está virando. No entanto, ainda são apenas os primeiros passos de uma longa jornada. Existem 13 milhões de pessoas que precisam ser empregadas.

Um país inteiro precisa ser reconstruí­do. Mas já temos o que é mais importante: clareza de propósitos e coragem para fazer o que precisa ser feito. O Brasil merece esta nova chance.

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