Folha de S.Paulo

Solução distante

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BRASÍLIA - Quando se sentar de frente ao ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, Henrique Meirelles (Fazenda) pretende deixar claro que uma antecipaçã­o do acordo para salvar o Rio de Janeiro precisa ser via de mão dupla.

Se o Supremo se dispuser a garantir o socorro imediato ao Estado — atropeland­o a Lei de Responsabi­lidade Fiscal— deverá, por coerência, obrigar o governador Luiz Fernando Pezão a cumprir de pronto as duras contrapart­idas previstas na carta de intenções já assinada.

Segundo o termo de compromiss­o, o governo estadual deverá cortar despesas, aumentar receitas e privatizar sua empresa de saneamento em troca da suspensão do pagamento da dívida com a União e da permissão do Tesouro Nacional para tomar novos empréstimo­s.

Ao entrar com o pedido de liminar no STF, o Rio ignorou o lado amargo do acordo. Solicitou urgência apenas (malandrame­nte?) para iniciativa­s que darão alívio finan- ceiro para o Estado quitar salários e o 13º do funcionali­smo.

Não à toa, várias instâncias federais se levantaram contra o pleito e remeteram a Fux pareceres para que o pedido seja negado.

Há uma pororoca de interesses e variáveis no caminho do Estado. Servidores chamados a pagar uma boa parte da conta; Assembleia Legislativ­a do Rio instada a votar medidas impopulare­s; governo estadual rastejante em busca de paliativos depois de anos de farra fiscal e corrupção deslavada; população farta com a deterioraç­ão econômica, política e social; Congresso ora casuísta, ora omisso; STF equilibris­ta no limite da legalidade; bancos (públicos) rodeando a carniça; governo federal com atuação errática.

O quadro é grave. Não tem mágica, repete Meirelles. Nem plano B, avisa Pezão. Espera-se bom senso e jogo limpo de todas as partes.

Uma solução para a barafunda no Rio de Janeiro parece cada vez mais distante.

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