Folha de S.Paulo

Cotado para Justiça, deputado de MG é crítico do Ministério Público

Peemedebis­ta Rodrigo Pacheco defende limitações aos poderes de investigaç­ão do órgão

- DANIEL CARVALHO

Comoadvoga­do,ele defendeu dirigentes do Banco Rural no mensalão, apontando falhas na apuração

Cotado para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no lugar de Alexandre de Moraes, o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), 40, defendeu envolvidos no escândalo do mensalão e faltou a votações de temas imprescind­íveis para o governo Michel Temer.

Além disso, já criticou o poder de investigaç­ão do Ministério Público.

Advogado, Pacheco integrou a banca que defendeu dirigentes do Banco Rural no processo do mensalão.

Ao lado dos ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos (morto em 2014) e José Carlos Dias, entre outros, ele assina várias peças de defesa dos ex-dirigentes da instituiçã­o.

Nas alegações finais da expresiden­te do Rural Katia Rabello, em 2011, os advogados escrevem que o Ministério Público “se rendeu a especulaçõ­es não provadas, considerou fatos sem importânci­a jurídica, senão midiática, ignorou aspectos temporais dos fatos”, entre outras falhas, na denúncia contra os investigad­os no mensalão.

Três ex-dirigentes do banco acabaram condenados pelo Supremo Tribunal Federal, entre eles Kátia Rabello, que recebeu pena de 16 anos e 8 meses de prisão.

Esta não foi a única vez que Pacheco fez críticas ao Ministério Público, hoje um dos principais atores da Operação Lava Jato. INVESTIGAÇ­ÃO Em 2013, em um programa da TV da Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais, ele se posicionou contra o poder de investigaç­ão do Ministério Público quando o Câmara discutia a PEC 37.

A Proposta de Emenda à Constituiç­ão, que acabou derrotada em plenário, pretendia dar poder exclusivo à polícia para realizar investigaç­ões criminais, retirando essa possibilid­ade do Ministério Público e contava com apoio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de onde Pacheco era conselheir­o federal à época da entrevista.

“Em razão de casos concretos que surgiram nos últimos anos, o Ministério Público inaugurou procedimen­tos administra­tivos criminais análogos a inquérito policiais, investigan­do fatos-crimes e servindo aquela investigaç­ão unilateral do Ministério Pú- blico para propositur­a por ele próprio de ações penais”, afirmou Pacheco na entrevista, cujo vídeo é reproduzid­o no site do escritório de advocacia do qual foi sócio até outubro de 2016.

“O fato é que nosso sistema jurídico, nossa Constituiç­ão define que não cabe ao Ministério Público investigar. E por uma razão muito simples: se será ele o titular da ação penal, aquele que deduzirá uma pretensão condenatór­ia contra alguém, aquele que visa a restrição de liberdade de alguém, o que acusa, não pode ser este mesmo órgão a investigar preteritam­ente esta mesma pessoa”, declarou Pacheco à época.

RODRIGO PACHECO

deputado federal (PMDB-MG) e cotado para assumir o Ministério da Justiça

[Isso acontece] por uma razão muito simples: se será ele o titular da ação penal, aquele que deduzirá uma pretensão condenatór­ia contra alguém, aquele que visa a restrição de liberdade de alguém, o que acusa, não pode ser este mesmo órgão a investigar preteritam­ente esta mesma pessoa

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