Com sinal de paz, Farc chegam a zona segura
Carregando bandeiras brancas, cerca de 6.300 guerrilheiros se apresentaram em locais apontados pelo governo
Em acampamentos, integrantes do grupo mantêm cotidiano regrado, com workshops sobre política e emprego
As cenas vistas nas estradas do interior da Colômbia nas últimas semanas parecem as dos filmes que reconstroem o fim das grandes guerras. E, no fundo, parece se tratar disso mesmo.
A bordo de jipes, furgões e lanchas, milhares de guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) saíram dos acampamentos provisórios em que estiveram nos últimos meses e começaram a dirigir-se às 26 zonas de segurança estabelecidas pelo governo.
Carregavam bandeiras brancas, apesar de não terem largado ainda suas armas. De acordo com o combinado, cada um podia levar também uma mochila e animais de estimação.
Dependendo da comunidade da qual se despediam, havia gente nas ruas para dizer adeus, também acenando com panos brancos. Houve cenas de choro entre guerrilheiros, familiares e moradores dos locais onde algumas frentes estiveram por décadas.
Em outras localidades, a despedida foi marcada por um ar de hostilidade ou de indiferença. Não houve agressões, uma vez que os guerrilheiros iam escoltados pelo Exército eporobservadoresdaONU.
Em visita ao interior do país, no fim do ano passado, a Folha verificouqueossentimentos em relação às Farc variam de região para região.
Seemmuitasseusmembros praticaram a extorsão, o sequestro e outros crimes, em outras, principalmente as mais humildes, a guerrilha também fazia as vezes do Estado, ajudando a população.
“Em geral, nossa relação com as comunidades sempre foi pacífica, nosso enfrentamento é com o sistema. E seguiremos em nossa luta, só que desta vez pela via política, por meios democráticos”, disse à