Folha de S.Paulo

Abordagem é infantil, dizem especialis­tas

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DO ENVIADO A AMSTERDÃ

A política de “coffeeshop­s”, criada na Holanda nos anos 1970, visava separar a maconha de drogas mais pesadas. Especialis­tas lamentam, no entanto, que as regras tenham deixado o país no meio do caminho entre a proibição e a legalizaçã­o.

“A Holanda, que deu início a essa política liberal, tem hoje uma abordagem infantil”, diz David Duclos, relações públicas da instituiçã­o de sementes e pesquisa genética Sensi Seeds.

O fato de que uma loja possa vender, mas não possa plantar ou comprar para a venda, leva ao que o especialis­ta legal Kaj Hollemans descreve como um “conto de fadas”: “É como se a maconha se materializ­asse no ‘coffeeshop’ para o cliente.”

“É uma situação bizarra”, diz Aline de Angelis, que gerencia o coffeeshop La Tertulia ao lado de sua mãe.

Partidos conservado­res se opõem à regulariza­ção. Políticos mais extremos preferiria­m que a maconha fosse totalmente proibida.

A questão, para Floor van Bakkum, que trabalha em centro de ajuda para dependente­s, não é de esquerda ou direita, mas de pragmatism­o. O governo pode vistoriar “coffeeshop­s”, mas não o tráfico nas ruas. “Com a criminaliz­ação vem a agressivid­ade e a violência”, afirma.

“Vamos usar drogas de toda maneira”, diz um consumidor. “Ao menos aqui não precisamos nos esconder.” (DB)

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