Folha de S.Paulo

Título que segue juro perde atrativida­de com queda da Selic

Quem vai começar a investir em renda fixa deve priorizar papéis prefixados, que pagam 10% ao ano, dizem analistas

- DANIELLE BRANT

Cenário também favorece aplicações com mais risco, como fundos multimerca­dos e ações de empresas

A possibilid­ade de uma queda mais acentuada dos juros, após a inflação vir mais comportada em janeiro, põe novamente em evidência as aplicações que pagam taxas prefixadas, enquanto retira atrativida­de dos títulos pósfixados, que acompanham as oscilações dos juros básicos.

Desde a divulgação dos dados de inflação do mês passado, na quarta (8), os contratos de juros futuros —que espelham a expectativ­a do mercado em relação ao comportame­nto da taxa básica, a Selic— recuaram na Bolsa.

Caso se confirme um corte maior da taxa básica Selic na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) da próxima semana —e já há quem aposte em redução de um ponto percentual, para 12% ao ano—, os papéis pós-fixados perderiam ainda mais atrativida­de em relação àqueles cuja taxa é definida na hora da compra.

Para quem começar a investir agora, a recomendaç­ão é escolher títulos públicos e privados prefixados ou um fundo cuja carteira priorize esses papéis, se o poupador quiser delegar a tarefa a um gestor.

“Esse movimento já ocorre desde o ano passado e se intensific­ou agora. É possível comprar, hoje, um título que pague 10% de juros, enquanto a perspectiv­a é que a taxa Selic encerre o ano a 9,5%”, diz Paulo Gala, estrategis­ta da Fator Corretora.

Há, no Tesouro Direto, títulos que remuneram esse percentual ao ano até 2027 —quando o cenário de juros no Brasil, espera-se, deve ser outro, com taxas mais baixas. Os papéis que pagam juros mais inflação também devem ser considerad­os, diz Gala. Atualmente, estão travando uma taxa real —acima da inflação— superior a 5% ao ano.

Por outro lado, títulos pósfixados darão retorno mais modesto, pois acompanham a movimentaç­ão da taxa de juros da economia. Se a Selic cair para 9% ao ano, o poupador vai receber uma média das taxas —em queda— pagas até o vencimento do título.

Esse raciocínio se aplica a um dos produtos privados mais populares entre os investidor­es, os CDBs (Certificad­os de Depósitos Bancários), que remuneram um percentual do CDI —juros médios de empréstimo­s entre instituiçõ­es financeira­s e que têm comportame­nto semelhante ao da Selic. Com o DI em queda, a rentabilid­ade perde atrativida­de para as opções prefixadas. MAIS RISCO O cenário também é favorável para quem quer arriscar mais. Aos que começam nesse caminho, os fundos multimerca­dos —que aplicam em renda fixa e outros ativos, como dólar e ações estrangeir­as— são uma boa opção, afirma Roberto Indech, analistach­efe da corretora Rico.

“Antes de escolher, vale entrar em contato com a instituiçã­o financeira, buscar o histórico de rentabilid­ade do fundo e pesquisar as taxas de administra­ção”, diz.

Ações de companhias sólidas podem ter bom desempenho, avalia Gala, da Fator.

Mas, com as incertezas ainda pairando sobre a economia, começar a investir em Bolsa de Valores deve ser considerad­o apenas por quem tem sangue-frio para lidar com o vaivém do mercado, afirma João Ricardo Costa Filho, professor da Faculdade de Economia da Faap.

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