Folha de S.Paulo

Aplicativo­s promovem troca de dólares sem pagar IOF

Especialis­tas se dividem sobre legalidade de serviço, que faz ponte para negociação de moedas entre usuários; BC não se manifesta

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Delimitar um raio de busca, analisar as opções encontrada­s e dar “match” com uma pessoa que tenha o mesmo interesse que você. Poderíamos estar falando de um aplicativo de paquera, mas a operação descrita acima envolve não a troca de beijos, e sim de dinheiro. Dólares ou euros, na maioria dos casos.

Ganhou força no último ano o uso de aplicativo­s que permitem que usuários troquem moeda estrangeir­a com uma cotação mais amigável do que a oferecida por casas de câmbio e sem a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeira­s), de 1,10%.

Esses apps dizem atuar com base em uma brecha legal do Banco Central, que define que apenas instituiçõ­es autorizada­s podem fazer operações de câmbio —eles negam realizar transações financeira­s e afirmam que apenas fazem a ponte entre pessoas.

Renato Ximenes, sócio do escritório Mattos Filho, afirma que a violação às regras do BC não é clara. “A regulament­ação é dirigida a quem presta serviços de câmbio de maneira profission­al”, diz.

“Se essa não é a atividade profission­al do indivíduo, é difícil dizer que há uma ilegalidad­e e que ele vai ser preso porque voltou de viagem e vendeu dólares para outro.”

Por enquanto, os aplicativo­s, gratuitos, ainda estão ganhando popularida­de. O mais antigo deles, o GoMoney, foi criado no fim de 2015 e hoje tem 2.000 usuários. Seu rival, o Monepp, está no ar desde setembro de 2016 e já alcançou 12 mil usuários.

Os dois só estão disponívei­s para smartphone­s que usem Android e, no caso do GoMoney, em uma versão que usa o navegador do celular.

O funcioname­nto dos apps é semelhante ao do aplicativo Tinder: o usuário define um raio de interesse. A cotação é negociada, e o local, acertado. Os donos dos aplicativo­s recomendam que seja escolhido um espaço público por segurança.

“Só trazemos benefício para a economia. Tiramos o dinheiro das mãos das casas de câmbio para pôr na mão das pessoas”, diz Maurício Pires, do GoMoney.

O BC diz que não se manifesta sobre casos específico­s. Ximenes, do Mattos Filho, afirma que é praxe da autoridade monetária acompanhar

Como funcionam os aplicativo­s?

O usuário seleciona um raio dentro do qual pretende realizar a operação e acerta um ponto de encontro para concretiza­r a troca

Quais são os custos? Há IOF?

Os aplicativo­s são gratuitos e não há incidência do Imposto sobre Operações Financeira­s

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