Folha de S.Paulo

Motim no ES perde força e governo já fala em retorno à normalidad­e

No total, 1.236 policiais se reapresent­aram; ordem e segurança estão de volta, diz ministro

- CAROLINA LINHARES DANIEL CARVALHO

Segundo sindicato, 144 pessoas foram mortas no Estado durante motim; governo não divulga dados oficiais

Dez dias após ser deflagrado, o motim de policiais militares no Espírito Santo começa a dar sinais de enfraqueci­mento, e o governo federal fala em retorno à normalidad­e.

Neste domingo (12), subiu de 600 para 1.236 o número de PMs que se reapresent­aram, segundo a Secretaria de Segurança Pública. No total, o efetivo do Estado é de 10 mil homens, dos quais 2.000 integram o patrulhame­nto diário.

Após reunião com o presidente Michel Temer (PMDB), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que a situação no Estado voltou ao normal e minimizou o desgaste com a crise. “As Forças Armadas foram empregadas e estão obtendo como resultado aquilo com o que tinham se comprometi­do: a ordem e a segurança estão de volta.”

Desde o início do motim, o Espírito Santo registrou 144 mortes, de acordo com o sindicato dos policiais civis —o governo Paulo Hartung (PMDB) não divulga dados oficiais. Neste domingo, até as 17h, foram quatro óbitos, o menor número desde o início do movimento.

O expediente dos servidores públicos volta ao normal nesta segunda (13), inclusive nas escolas. Os ônibus operam em cinco linhas, com exceção do serviço noturno. VOLTA A reapresent­ação de parte dos policiais ocorre após um acordo entre o governo e associaçõe­s de policiais feito na sexta-feira (10), à revelia de familiares dos agentes.

Mesmo enfraqueci­do, o movimento continua, e mulheres de PMs ainda bloqueiam a entrada de batalhões.

Para garantir o retorno ao trabalho, os policiais foram convocados a se reapresent­ar em locais públicos, como a praça Oito. Comandante­s anotavam em caderno o nome dos que apareciam. De lá, agentes, seguiam a pé para o patrulhame­nto. Alguns apareceram sem farda, o que ainda será avaliado pelo comando.

Além da convocação em locais públicos, outra estratégia usada pelo governo para garantir o retorno ao trabalho foi o transporte por helicópter­o. A medida havia sido tomada no sábado, para a retirada de 70 homens do quartel-general, e foi repetida neste domingo (12).

Por volta das 15h15, helicópter­os da PM e das Forças Armadas começaram a levantar voo da Capitania dos Portos, área da Marinha. As aeronaves levaram policiais sem farda para pegar seus uniformes no Batalhão de Missões Especiais e trazê-los de volta, já vestidos com a roupa de trabalho.

Na entrada do batalhão, as mulheres de policiais mantêm um acampament­o. A distância entre a unidade e a Capitania dos Portos é de 4 km. RIO Nos últimos dias, a pressão sobre os amotinados aumentou no Espírito Santo. No total, 703 foram indiciados pelo crime militar de revolta, que prevê de 8 a 20 anos de prisão.

Já no Rio, os protestos de mulheres de policiais ganham adesão dos PMs. No terceiro dia de atos, elas pedem o fim dos atrasos nos pagamentos e melhores condições de trabalho.

No Batalhão de Choque, na região central da cidade, um grupo de cerca de 50 policiais se manifestou com elas, sem farda, cantando um grito de guerra da corporação. LUCAS VETTORAZZO,LUIZA FRANCO NICOLA PAMPLONA,

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Fotos Joel Silva/Folhapress PM deixa batalhão de helicópter­o após vestir o uniforme

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