Folha de S.Paulo

O estilo Rogério

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ROGÉRIO CENI ajudou a transforma­r o São Paulo depois de levar 1 x 0, gol de Matheus Jesus, numa jogada de contra-ataque, em que havia três atacantes da Ponte Preta contra dois zagueiros são-paulinos. Não se leva contra-ataque assim. A maioria dos homens tem de ser da defesa.

No segundo tempo, o risco da supremacia ponte-pretana contra o resíduo de defensores são-paulinos não existia mais. A mudança tática de Rogério Ceni puxou João Schmidt para a função de líbero. Não haveria mais chance de contra-golpe. Não em condição igual à do primeiro gol.

A segunda vitória da carreira de Rogério Ceni, ontem, depois de ganhar do Moto Club, permite outras reflexões. Além de o treinador ter interferid­o na partida mudando o sistema

POLIVALENT­E

tático, a Ponte Preta escalou o centroavan­te pretendido pelo Corinthian­s como meia, pela direita.

William Pottker jogou do lado direito do campo, Lucca pelo centro. Foi bem.

Pottker é, na verdade, mais atacante do que centroavan­te. O Corinthian­s sabia disso, mas muita gente imaginou-o como o centroavan­te titular, no lugar de Jô, que perdeu pênalti sábado à noite.

O São Paulo não foi bem no início. Muita troca de passes, pouca infiltraçã­o na área da Ponte. Rogério Ceni interferiu na partida com mudanças táticas. Teve também relação com a qualidade dos jogadores.

Cueva participou dos dois primeiros gols. Começou pelo lado direito e, no decorrer da partida, trocou de posição com Luiz Araújo. Do lado esquerdo, ofereceu o passe para Gilberto marcar o segundo gol da goleada.

Tranquiliz­ou muito o ambiente o fato de voltar ao segundo tempo com triunfo parcial por 2 x 1. Mas o que dá paz aos jogadores é olhar para o banco e compreende­r que o treinador tem condição de interferir na partida.

SOBRECARRE­GADOS

É o tipo de situação que dá também liderança ao treinador, que foi líder como jogador.

Antes da partida, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, disse que o elenco está completo, mas aberto a oportunida­des. Só que todo mundo sabe quais são as deficiênci­as do elenco.

“No banco, nós temos o Neílton e também o Neílton.” A frase é de Rogério Ceni, minutos antes do apito inicial. Então, é preciso descobrir alternativ­as, estejam fora do Morumbi ou nas divisões de base.

O próprio Rogério sabe que faltam peças e isto começará a melhorar com a chegada de Lucas Pratto. O argentino muda um pouco o jeito de jogar, em comparação com Gilberto

São Paulo não foi bem no início contra a Ponte Preta, mas Rogério Ceni interferiu com mudanças táticas

e com Chávez. Pratto faz mais gols, em média 0,4 por partida, mas desaparece do jogo se a bola não chega ao centroavan­te.

Isto, Rogério pode cobrar de Lucas Pratto. Seu time é móvel, trabalha num 4-3-3, varia para o 3-4-3. Pratto quis vir para o São Paulo, porque o Atlético já não lhe oferecia certeza de que jogaria o número de rodadas suficiente, como titular. Vem sedento para ganhar a posição que ontem foi de Gilberto.

O que está claro é que Rogério tem duas opções táticas, quando é preciso, recua um homem e faz 3-4-3. Ele sabe que esta mobilidade pode ser maior e que seu time pode ser melhor. Mas não é nada mal estrear no Morumbi diante de 50 mil pessoas com goleada por 5 x 2 sobre a Ponte Preta.

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