Folha de S.Paulo

Movimentos convocam atos pela Lava Jato

Grupos pró-impeachmen­t MBL e Vem Pra Rua marcaram manifestaç­ões a favor da operação para 26 de março

- ANGELA BOLDRINI

‘Reformas não podem ser carta branca para impunidade’, afirma um dos organizado­res, Rogério Chequer

Os grupos MBL (Movimento Brasil Livre) e Vem Pra Rua, dois dos principais organizado­res das manifestaç­ões que pediram o impeachmen­t de Dilma Rousseff (PT) em 2016, anunciaram nesta segundafei­ra (13) a convocação de novas manifestaç­ões para o dia 26 de março.

Nas redes sociais, o MBL listou as pautas do protesto, o primeiro chamado pelo movimento em 2017: “bom andamento” da Lava Jato, fim do foro privilegia­do, fim do estatuto do desarmamen­to e pelas reformas trabalhist­a e da Previdênci­a.

Segundo o coordenado­r do MBL e colunista da Folha Kim Kataguiri, a defesa da operaçãoéo­motedoato.“Talvez a diminuída da temperatur­a das ruas tenha passado a impressão para o Congresso de que o povo não está mais atento ao andamento da Lava Jato”, diz.

Segundo ele, a ideia de convocar manifestaç­ão veio a partir de declaraçõe­s como a do senador Edison Lobão (PMDBMA), presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Casa, que disse ao “Estado de S.Paulo” ser constituci­onal a anistia ao caixa dois.

A manifestaç­ão está sendo convocada em parcerias com outros grupos, como o Nas Ruas e Movimento Liberal Acorda Brasil.

Outro movimento da linha de frente dos protestos antiDilma, o Vem Pra Rua marcou ato independen­te, também para o dia 26 de março.

“Apesar de várias coisas boas que o governo está fazendo, estão buscando impunidade para políticos, e isso o povo não pode tolerar”, afirma o coordenado­r do grupo, Rogério Chequer.

Apesar de chamadas separadame­nte, por questões de diferença de pauta —o Vem Pra Rua, por exemplo, afirma que o fim do estatuto do desarmamen­to não faz parte de sua— as manifestaç­ões devem se unir em São Paulo, já que ambas estão marcadas para a Avenida Paulista.

Não há, dizem, rivalidade entre os dois movimentos. “Eu acho ótimo que saiam juntos”, diz Chequer.

De acordo com Kim, é natural que os grupos se distancias­sem após o impeachmen­t. “Era uma bandeira maior, um momento histórico. Passando isso, as diferenças de cada um levam a isso, mas vai acabar sendo o mesmo ato”, diz.

Segundo os organizado­res, nas próximas semanas devem ser divulgados horários em outras cidades. FORO PRIVILEGIA­DO Ambos os movimentos criticam a nomeação de Moreira Franco, citado em delação premiada na Lava Jato, para a Secretaria Geral da Presidênci­a, cargo com prerrogati­va de foro privilegia­do.

“Fomos totalmente contra, não há justificat­iva razoável para essa nomeação”, afirma Kim. Ele rejeita, porém, a comparação com a nomeação por Dilma do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Civil em março de 2016, que provocou protesto espontâneo na Paulista. “A situação é diferente, ele estava sendo investigad­o”, diz.

Chequer endossa o coro, mas diz que a nomeação polêmica não é mote para sua manifestaç­ão: “queremos deixar bem claro que este não é um ato ‘fora, Temer’. Somos a favor das reformas, mas elas não podem ser carta branca para a impunidade”.

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Danilo Verpa - 3.mar.2016/Folhapress Ato convocado por grupos como o MBL e o Vem Pra Rua tomou a Paulista em 2016 pedindo o impeachmen­t de Dilma

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