Folha de S.Paulo

Doleiros de Cabral querem ficar com R$ 34 mi

- ITALO NOGUEIRA

Eles dizem que verba não é do ex-governador

Os doleiros Renato e Marcelo Chebar, que em colaboraçã­o premiada entregaram mais de R$ 300 milhões atribuídos a Sérgio Cabral (PMDB) em contas no exterior, pediram ao Ministério Público Federal permissão para ficar com cerca de R$ 34 milhões depositado­s numa das contas usadas pelo ex-governador.

Eles afirmaram em petição à Procurador­ia que a maior parte do dinheiro depositado num banco em Luxemburgo é, na realidade, recurso próprio. Os procurador­es ainda avaliam o pedido.

Os irmãos Chebar relataram que todos os recursos de Cabral no exterior estavam em contas em seus nomes ou de parceiros. Uma das contas é a Bendigo, no banco Hapoalim, de Luxemburgo. Eles afirmam que a conta tinha no dia 23 de dezembro US$ 13,6 milhões, dos quais US$ 2,5 milhões pertenciam a Cabral.

Após celebrarem o acordo, os doleiros repatriara­m US$ 4,4 milhões da conta em Luxemburgo. A defesa dos delatores afirmou que não poderia se pronunciar sobre o caso, em razão do sigilo do acordo.

Os Chebar se apresentar­am ao MPF em dezembro por temerem ser alvo de desdobrame­ntos da Operação Calicute, que prendeu Cabral em novembro.

Após o primeiro contato, os irmãos já mudaram o volume de recursos existentes em ao menos uma conta. Inicialmen­te, afirmaram que o fundo Prosperity no banco LGT, da Suíça, tinha US$ 90 milhões em seus nomes, mas de propriedad­e de Cabral. Em janeiro, declararam que na realidade tratava-se de um fundo com outros cotistas, sendo eles donos de US$ 70,2 milhões.

Procurador­es afirmam que se detectada alguma informação falsa, o acordo pode ser desfeito. A defesa dos Chebar disse que “os colaborado­res estão cumprindo os termos do acordo”.

Pelos termos, eles cumprirão pena de, no máximo, cinco anos e pagaram também uma multa de R$ 20 milhões com recursos próprios, que declararam não ter qualquer vinculação com o ex-governador. Esse dinheiro veio de uma conta no banco Julius Baer, da Suiça.

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