Folha de S.Paulo

Sou crítico ao foro privilegia­do, diz Fachin

- DANIEL CARVALHO

Prática fere princípio republican­o, afirma ele

O relator das ações oriundas da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Edson Fachin, disse nesta sexta-feira (17) ser contra o foro privilegia­do.

“Eu, já de muito tempo, tenho subscrito uma visão crítica do chamado foro privilegia­do por entendê-lo incompatív­el com o princípio republican­o, que é o programa normativo que está na base da Constituiç­ão brasileira”, disse Fachin após um evento no STF nesta manhã.

O ministro também afirmou que o Supremo precisará verificar se o debate sobre esta questão se dará na Corte ou no Congresso.

“A questão, todavia, que se coloca é saber se essa alteração pode ser feita por uma mudança de interpreta­ção constituci­onal ou se ela demanda, da parte do Poder Legislativ­o, uma alteração própria do Poder Legislativ­o”.

O ministro Luís Roberto Barroso enviou na quarta (15) ao plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) um processo para discutir a redução do alcance da prerrogati­va de foro de deputados, senadores e ministros, conforme revelado pela Folha.

Para Barroso, os demais ministros devem se manifestar sobre a possibilid­ade de restringir o foro a casos relacionad­os a acusações por crimes cometidos durante e em razão do exercício do cargo.

Na interpreta­ção de Barroso, seria mantido o entendimen­to do STF de que um caso deve ser transferid­o a instâncias inferiores se o seu alvo perder o cargo que lhe dá o foro —é o caso das ações contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Lava Jato.

O documento de Barroso não faz relação com a recente nomeação de Moreira Franco como ministro do governo de Michel Temer.

No entanto, indiretame­nte, se a tese for levada adiante pelo Supremo, pode ter efeito na hipótese de abertura de investigaç­ões sobre fatos referentes a um período em que ele não tinha foro no STF.

A nomeação de Moreira, citado em delações da Lava Jato, foi contestada por partidos de oposição, mas uma liminar do ministro Celso de Mello na terça (14) confirmou a decisão de Temer.

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