Folha de S.Paulo

Do perfil do atual líder

- SYLVIA COLOMBO

Mesmo que o candidato do governo vença a eleição no Equador, cujo primeiro turno ocorre neste domingo (19), uma coisa é certa: em maio, quando terminar o mandato do atual presidente, será também o fim de um ciclo, a “década Rafael Correa”.

Nem Lenín Moreno, seu herdeiro político, nem Guillermo Lasso ou Cynthia Viteri, seus opositores, têm o perfil personalis­ta de Correa.

“Todos têm algo em comum: o fato de que nenhum deles é Correa, o que já significar­á uma imensa mudança”, diz à Folha a analista equatorian­a Gabriela Polit, da Universida­de do Texas.

Para os críticos, o personalis­mo de Correa, 53, foi sinal de arrogância e autoritari­smo. Para os apoiadores, uma prova do pulso forte e de uma presença quase paternal.

Mesmo com a economia agora em recessão, ele sai do cargo com 42% de aprovação —índice alto para a América Latina, mas baixo para seu padrão, que chegou a atingir 65% na época em que o país vivia o “boom das commoditie­s” e cujo PIB crescia a uma taxa de 7,6%.

A herança positiva desta década —Correa venceu as eleições de 2006, 2009 e 2013— está marcada, justamente, pelos bons ventos da economia. A bonança permitiu dobrar os gastos em saúde e educação, financiar moradias e planos sociais, reduzindo a pobreza de 36,7%, em 2007, para 22,9%.

Correa também investiu em infraestru­tura, construind­o milhares de novos quilômetro­s de estradas e reformando as antigas, além de inaugurar e reformar aeroportos.

Também existe um consenso na sociedade equatorian­a de que a chegada de Correa foi importante para pôr fim a uma instabilid­ade política que já era crônica. Na década anterior, entre 1997 e 2007, o país teve nada menos que oito presidente­s. Até que surgiu um novo personagem.

Economista que tinha feito pós-graduação na Bélgica e nos EUA, Correa não era ligado a nenhum partido tradiciona­l. Quando se elegeu com uma plataforma de es- querda, Correa pegou carona no chavismo.

Mas, apesar de se alinhar com Hugo Chávez (1954-2013) e outros governos esquerdist­as da região, Correa preferiu percorrer caminho próprio, voltando-se mais para dentro de seu país.

Também deixou a esquerda mais radical e migrou para o centro, fazendo alianças com o empresaria­do. ASPECTOS NEGATIVOS

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Dolores Ochoa - 15.fev.2017/Associated Press Opositor Guillermo Lasso fala a simpatizan­tes na capital
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Mariana Bazo - 15.fev.2017/Reuters Candidato de Correa, Lenín Moreno faz comício em Quito

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