Folha de S.Paulo

Se as melhorias na vida dos

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pobres logo se fizeram sentir, o país foi perdendo em outros aspectos. Especialis­tas apontam para 2010 como o ponto em que Correa passou a centraliza­r o poder e a avançar contra as instituiçõ­es.

O estopim teria sido a crise da polícia em 2010 —uma rebelião de oficiais reprimida de forma dura pelo governo. O presidente disse ter sido vítima de um golpe de Estado. A partir daí, limitou os poderes da Justiça e acirrou o cerco à imprensa.

Por outro lado, já sentindo a desacelera­ção da economia mundial, Correa fez concessões a empresas chinesas para ampliar a exploração de minas em território­s indígenas. Houve protestos no interior, e Correa passou a favorecer organizaçõ­es e sindicatos que se alinhassem a ele.

Na reta final de seu governo, estouraram os escândalos da empreiteir­a brasileira Odebrecht, envolvendo obras contratada­s durante seu mandato e o da Petroecuad­or, petrolífer­a do Estado acusada de desvio de recursos.

A degradação da economia e o desgaste de sua imagem estão por trás da decisão de Correa de não concorrer a um quarto mandato —algo a que estaria habilitado, uma vez que aprovou tal recurso em 2015. Ele decidiu que dedicará tempo à sua família. Casado há mais de 20 anos com a belga Anne Malherbe, e com dois de seus três filhos vivendo na França, Correa anunciou que irá morar na Europa.

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