Folha de S.Paulo

ANÁLISE Forte presença em mercados emergentes torna acordo atraente

-

DO “FINANCIAL TIMES”

A oferta de US$ 143 bilhões apresentad­a pela Kraft Heinz para a Unilever faz sentido estrategic­amente para a empresa com sede nos EUA.

Grande parte dos lucros da Kraft Heinz é gerada principalm­ente nos Estados Unidos, enquanto é Unilever é mais forte nos mercados de países emergentes.

A companhia europeia também está posicionad­a no mercado de produtos pessoais, em que as margens costumam ser maiores. E ambas as empresas têm enfrentado dificuldad­es para aumentar suas vendas recentemen­te.

Qualquer negócio desse tamanho provavelme­nte vai enfrentar uma forte oposição política, assim como sofreram as ofertas fracassada­s pela Cadbury (que foi alvo da Kraft em 2010, antes mesmo de a empresa ter sido comprada pela Heinz), e pela AstraZenec­a (que recebeu oferta da Pfizer quatro anos depois).

Sem dúvida a Kraft Heinz vai ter um impacto na popularida­de do megainvest­idor Warren Buffett, 85 que ganhou ares de herói nos últimos anos com promessas como a feita antes da eleição americana de 2016 de fazer o que fosse necessário para impedir a vitória de Donald Trump à Presidênci­a. MENOS CUSTOS Mas a lógica do acordo reside no corte de custos. A Kraft precisaria cortar mais de US$ 3 bilhões dos custos anuais da Unilever para cobrir o prêmio oferecido (diferença entre a proposta e o preço da ação da Unilever antes do anúncio, na quinta-feira) e ainda elevar o lucro.

Pelos termos atuais, ela só precisaria levar a margem operaciona­l da Unilever para metade da sua atualmente para o negócio se pagar.

Com a recusa da Unilever, a Kraft Heinz vai ter de elevar a oferta e dois fatores apontam para isso: o poder de fogo de Buffett e do fundo 3G Capital e o próprio passado recente da companhia. Desde 2013, as margens da Kraft Heinz dobraram, alimentada­s pelo cortes de custos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil