Folha de S.Paulo

TV analógica deve sair do ar em 29 de março em São Paulo

Anatel confirma data, que operadoras de telefonia queriam adiar para postergar investimen­to de R$ 3,6 bi em fundo

- FERNANDA PERRIN

Desligamen­to ainda depende de que meta de 93% de alcance do sinal digital seja alcançada; hoje, taxa é de 86%

A Anatel confirmou nesta sexta-feira (17) o desligamen­to do sinal analógico de TV na região metropolit­ana de São Paulo em 29 de março. Após Rio Verde (GO) e Brasília, a cidade é a terceira a fazer a migração para o digital.

As operadoras de telefonia que vão ocupar a frequência de liberada pela TV tentavam adiar o processo para maio.

A ideia era postergar o investimen­to que elas devem fazer em um fundo de R$ 3,6 bilhões criado para “limpar” a frequência e fazer a migração para a TV digital.

A obrigação, definida no edital, é rateada entre Claro, TIM, Vivo e Algar.

O desligamen­to ainda depende, porém, de um alcance mínimo de 93% do sinal digital (incluindo 3% de margem de erro). Hoje, essa taxa está em 86% na região da capital e em mais 38 municípios do entorno.

Para alcançar a meta, o governo vem distribuin­do kits de conversore­s por meio da empresa Seja Digital para beneficiár­ios de programas sociais, como o Bolsa Família.

De acordo com a companhia, 1,8 milhão de pessoas na região têm direito a receber os equipament­os. A pouco mais de um mês da data de desligamen­to, 26% dos kits foram entregues, de acordo com Antonio Martelleto, presidente da Seja Digital.

Juan Quadros, presidente da Anatel, acredita que a meta será atingida sem problemas até 29 de março. “Com a data-limite chegando, as pessoas correm mais”, diz. BANDA LARGA Com o desligamen­to do sinal analógico, a frequência de 700 MHz, antes ocupada pelas redes de televisão, passará para as empresas de telecomuni­cações para expansão da banda larga 3G e 4G.

De acordo com a Anatel, isso vai ampliar e melhorar a cobertura da tecnologia, sobretudo em áreas periférica­s.

O prazo para as teles ocuparem a frequência é de nove meses a partir da data de desligamen­to. Em São Paulo, contudo, esse período começará a ser contado a partir de setembro, quando será realizado o desligamen­to no interior do Estado. Como a frequência no interior interfere na região metropolit­ana, a “limpeza” completa só acontecerá com o desligamen­to nas duas áreas, diz Quadros.

O espectro disponível para rádios FM, hoje completame­nto ocupado em São Paulo, também será ampliado com a medida, diz a Anatel.

Para ser utilizado, porém, os receptores —como aparelhos de rádio de carros— precisam estar preparados para captar essa nova frequência, o que não acontece hoje. Isso não está totalmente sob controle, pois depende de a indústria se adaptar à novidade, segundo Quadros.

DE BRASÍLIA

O desligamen­to da TV analógica em São Paulo abriu uma guerra comercial entre as emissoras Record, SBT e RedeTV! e operadoras de TV paga. Caso elas não cheguem a um acordo, os 18,8 milhões de assinantes das operadoras correm o risco de não ter os três canais em sua grade de programaçã­o quando o sinal analógico for desligado.

Pessoas envolvidas nas negociaçõe­s dizem que a Simba, empresa criada pelas três emissoras para negociar seus canais digitais abertos, quer cobrar das operadoras R$ 3 mensais por assinante. Isso representa­ria um custo anual de R$ 700 milhões e 5% de alta no preço dos planos.

A tendência das operadoras é tirar os canais. Eles continuari­am a ser captados pelo receptor digital, mas fora da grade.

A lei que regulament­a o sinal digital não obriga as operadoras de TV paga a oferecer os canais. Essa obrigação só existe em locais onde o sinal ainda é analógico (nesse caso, as emissoras não podem cobrar pelo sinal aberto).

A criação da Simba foi aprovada em 2016 pelo Cade, que entendeu a iniciativa como uma forma de compensar o poder da Globo, que detém 30% da audiência (TV paga e aberta). As três emissoras têm 20%.

SBT, Record e RedeTV! dizem ser responsáve­is pela maior parte da audiência na TV paga e, nos canais abertos, estão perdendo receita. Afirmam ainda que a Globo já é remunerada pelas operadoras de TV paga. As teles negam. Afirmam que pagam pelos conteúdos exclusivos da Globo e inserem o sinal aberto sem pagar por ele. (JULIO WIZIACK)

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Boris Horvat/AFP » ALTA VOLTAGEM Técnico instala em linha de transmissã­o na França sensor que permite medir a influência dos ventos frios no transporte de energia

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