Espírito Santo acusa 1.151 PMs por crime de motim
Policiais participam de paralisação que resultou em uma onda de violência
Nesta sexta, policiais protestaram durante enterro de colega morto em tentativa de assalto na região de Vitória
A Polícia Militar do Espírito Santo ampliou para 1.151 o número de policiais indiciados pelo crime de motim e revolta durante a crise de segurança que atinge o Estado. Ao todo, o Espírito Santo tem 10 mil PMs em seus quadros.
Desde o dia 4, os portões do batalhões da PM estão bloqueados por acampamentos de familiares de policiais. As mulheres buscam impedir que os PMs saiam das unidades para trabalhar nas ruas. Elas reivindicam melhores condições de trabalho e reposição salarial aos policiais.
O novo número de indiciamentos consta no Boletim Geral da PM, que é interno, e foram confirmados pela Secretaria de Segurança Pública.
PMs ouvidos pela Folha são céticos quanto a capacidade do governo em processar mais de mil inquéritos em 60 dias, limite para a conclusão do Inquérito Policial Militar. Para eles, no entanto, a divulgação dos números serve para pressionar a volta ao trabalho dos militares que, caso sejam julgados e condenados, podem pegar de 8 a 20 anos de prisão.
Dos 1.151 PMs indiciados, 151 também responderão a processos administrativos, o que pode agilizar suas expulsões da corporação —eles teriam defendido o movimento. Dos 10 mil PMs no Estado, cerca de 2.400 estariam atuando nas ruas neste momento. PROTESTO Um grupo de PMs protestou nesta sexta ao retirar suas fardas e as lançarem dentro da cova em que foi sepultado o soldado André dos Santos, 22, que morreu em uma tentativa de assalto no município da Serra, vizinho à capital Vitória e o mais violento do Espírito Santo.
A cerimônia do soldado ocorreu com honras militares, incluindo salvas de tiros e a execução do “toque de silêncio” na corneta.
No ápice do motim da corporação foram registrados pelo Estado 143 homicídios entre os dias 4 e 13, 276% mais que os 38 do mesmo período do ano passado.