Com medo de novos casos, pente-fino em vacinação busca moradores desprotegidos
DA ENVIADA A MINAS GERAIS
“Ó de casa! Estamos passando para pedir o cartãozinho de novo”, diz a técnica de enfermagem ao avistar uma moradora se aproximar do portão. O cartãozinho a que ela se refere é o comprovante de aplicação de vacinas —em foco, a da febre amarela.
Lavradora aposentada, Ana Rosa Oliveira, 59, entrega o documento. A técnica verifica datas e doses. “Estou liberada?”, pergunta Ana, que tomou a segunda dose em janeiro, pouco após o início do surto de febre amarela.
Com medo de novos casos, municípios de uma das primeiras áreas afetadas pela doença, como Novo Cruzeiro e Setubinha, no leste de Minas, têm investido em um segundo pente-fino nas carteiras de vacinação em busca de moradores desprotegidos.
A medida faz parte de uma nova estratégia de monitoramento diante do cenário atual de incertezas em relação ao surto de febre amarela.
A Folha acompanhou parte das ações em Novo Cruzeiro, município onde foram notificados 91 casos suspeitos —destes, 19 já confirmados.
Em uma manhã de chuva fina, 18 casas foram visitadas na zona urbana da cidade. Duas ainda tinham moradores com doses atrasadas. Nos demais, a maioria dos cartões mostrava doses recentes.
A baixa vacinação anterior em Minas é apontada como um dos principais motivos para a amplitude do surto registrado neste ano.
Na última década, apenas 49% da população do Estado havia sido imunizada. Minas, porém, faz parte da área de recomendação para vacina de febre amarela no país.
Fora dela, como no litoral, a vacina é recomendada para quem pretende viajar para áreas suscetíveis ao vírus.
Moradores, porém, admitem que esqueciam da vacinação. “Tomei só agora, por conta dessa emergência”, diz o policial Jonas Carvalho, 33.
Para a Secretaria de Saúde do Estado, as ações recentes para ampliar a imunização são a principal aposta para a redução de novos casos suspeitos de febre amarela nas primeiras áreas atingidas.
“Fazendo essa intensificação e controle vetorial imaginamos que até o início de março conseguiremos vencer essa batalha”, diz a superintendente
DEISE DOS SANTOS
superintendente de vigilância de MG
“
Fazendo essa intensificação [de vacinas contra febre amarela] e controle vetorial imaginamos que até março conseguiremos vencer essa batalha “
Tomei só agora, por conta dessa emergência
JONAS CARVALHO
policial