Folha de S.Paulo

Custo de R$ 20 milhões deve barrar árbitro de vídeo no Brasil em 2017

Sem a tecnologia, CBF vai retomar a utilização de árbitros adicionais no Brasileiro

- LUIZ COSENZO GUILHERME SETO

ARBITRAGEM

A implantaçã­o da tecnologia de vídeo no futebol nacional ficará para a próxima temporada. A CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol) decidiu adiar o uso da tecnologia por considerar o valor inviável financeira­mente. De acordo com a entidade, o sistema custaria aproximada­mente R$ 20 milhões somente para arcar com o aspecto operaciona­l, sem contar a remuneraçã­o dos envolvidos.

Com a decisão, a CBF vai apostar novamente nos árbitros adicionais, que ficam atrás das traves, para o Campeonato Brasileiro de 2017.

“Nosso objetivo era implantar o árbitro de vídeo neste ano, mas o processo ainda está em fase embrionári­a e será muito difícil, praticamen­te impossível. É um sistema que temos que analisar vários aspectos, como o tipo de equipament­o ideal. Não pode ser de qualquer forma”, disse o Coronel Marcos Marinho, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem.

A CBF negocia com cinco empresas a implantaçã­o da tecnologia de vídeo, e deseja ter no mínimo oito câmeras à disposição em cada partida.

“Temos que preparar também pessoas para fazer esse trabalho. É necessário que sejam ex-árbitros”, afirmou.

De acordo com Marinho, dois testes já foram feitos na Granja Comary com as categorias de base da seleção brasileira. Um deles foi o treino da equipe sub-17 e contou com o trio de arbitragem formado pelo árbitro Marcelo de Lima e os assistente­s Dibert Pedrosa e Lilian Fernandes. O manuseio foi feito pelo exárbitro Manoel Serapião.

A entidade ainda planeja fazer testes na Copa do Brasil sub-17 e sub-20 e até no Campeonato Brasileiro feminino, que começa em março.

A opção pelo retorno dos adicionais foi definida após uma análise feita pela comissão de arbitragem. A solução dos dois juízes foi utilizada no Nacional entre 2012 e 2014, mas depois foi abolida. A intenção da entidade é aproveitá-los também a partir das oitavas da Copa do Brasil.

“Chegamos à conclusão de que os dois assistente­s ajudam bastante quando estão bem treinados. Os árbitros aprovaram a utilização até porque não teremos a possibilid­ade da utilização do vídeo”, afirmou Marinho.

Árbitros ouvidos pela Folha aprovaram a medida, mas com algumas ressalvas.

“É muito válida a utilização dos adicionais, já que são mais quatro olhos. Só são necessário­s alguns ajustes, como a utilização de árbitros experiente­s e equipes de arbitragem fixas”, disse o baiano Jailson Macedo Freitas, 46.

Já para o carioca Marcelo de Lima Henrique, 45, ex-árbitro Fifa, é imprescind­ível que as “equipes de arbitragem sejam fixas para ter afinidade. Não é possível conhecê-lo [o adicional] na hora do jogo”, apontou.

Marinho assegurou que as equipes de arbitragem serão fixas. Ele também afirmou que os três melhores “sextetos” —árbitro, assistente­s, adicionais e o quarto árbitro— da rodada receberão um bônus de 40% a 50% na remuneraçã­o.

A melhor equipe no final do Brasileiro vai dividir uma premiação de R$ 500 mil.

 ?? Néstor J. Beremblum - 16.fev.2014/Brazil Photo Press/Folhapress ?? Jogadores do Vasco reclamam de marcação do árbitro adicional durante clássico contra o Flamengo no Estadual de 2014
Néstor J. Beremblum - 16.fev.2014/Brazil Photo Press/Folhapress Jogadores do Vasco reclamam de marcação do árbitro adicional durante clássico contra o Flamengo no Estadual de 2014

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