Folha de S.Paulo

O PT no Senado

O PT cometeu erros e paga por isso. Mas nos custa caro ver que, sob a falsa desculpa de corrigir esses erros, estão destruindo todo um legado

- GLEISI HOFFMANN

Com muita alegria assumi a liderança do Partido dos Trabalhado­res no Senado neste mês em que a sigla completa 37 anos de lutas. Além dos enormes desafios da nova missão, este momento tem para mim um caráter simbólico, por evidenciar o compromiss­o do nosso partido com o empoderame­nto da mulher brasileira.

Milito no PT desde 1989. Hoje temos orgulho de mostrar que, em 500 anos de história do Brasil, o partido foi o primeiro a levar concretame­nte para o governo a diversidad­e do povo brasileiro.

Foi o primeiro a aplicar políticas públicas de Estado voltadas não só às mulheres mas também aos negros, à juventude, à população LGBT. Enfim, deu voz a quem antes só era permitido bater palmas diante dos poderosos.

Agora, depois de um ano péssimo para nossa democracia, abalada pelo golpe parlamenta­r contra a presidenta Dilma Rousseff, temos consciênci­a do que fazer em 2017.

Assim como o ano passado, este será extremamen­te difícil, em que estarão em risco os avanços conquistad­os por uma imensa parcela da população, principalm­ente os mais vulnerávei­s.

A bancada do PT no Senado definiu seu modo de agir. Em primeiro lugar, travaremos uma oposição sistemátic­a e sem trégua a esse governo que nunca reconhecem­os.

Da mesma forma, não vamos compactuar com a sopa governista em que se transformo­u o Congresso Nacional, que defende apenas os interesses do sistema financeiro, dos grandes empresário­s e dos ricos e privilegia­dos.

Combaterem­os com toda firmeza o discurso falacioso com que tentam ludibriar a população. Não vamos admitir a destruição do sistema previdenci­ário, cujo objetivo prepondera­nte é beneficiar as empresas de previdênci­a privada. Também não vamos tolerar, em nome de uma questionáv­el modernizaç­ão, a retirada de direitos trabalhist­as.

Ao mesmo tempo em que nos ocuparemos em denunciar as afrontas desse governo que mais parece um plágio malfeito de si mesmo, não fugiremos ao dever de apontar saídas para a crise econômica e social que se abate sobre o Brasil.

Nós temos propostas —até porque já governamos este país e sabemos o que é preciso oferecer para destravar a economia e minorar as aflições dos que sofrem com o desemprego, a queda na renda e a falta de perspectiv­as. Muita coisa pode ser feita.

Não há como expandir a ativida- de econômica sem mexer drasticame­nte nas taxas de juros. É inconcebív­el que, em plena recessão e com inflação em queda, ainda tenhamos juros exorbitant­es que inviabiliz­am o crédito e o investimen­to, impedindo o consumo e a produção e pressionan­do o Orçamento.

Além disso, é preciso colocar dinheiro em circulação, aumentando o salário mínimo e o número de parcelas do seguro desemprego, por exemplo.

Temos que pensar também no médio e longo prazos. Nesse senti- do, a liderança do PT no Senado e os partidos de oposição estão consolidan­do uma série de propostas que serão apresentad­as em breve.

O PT cometeu erros, não negamos, e estamos pagando por isso. Mas nos custa caro ver que, sob a falsa desculpa de corrigir esses erros, estão destruindo todo um legado de avanços conquistad­os nos últimos 13 anos.

Por isso, mais do que nunca, precisamos da força dos movimentos sociais para barrar esse retrocesso, inclusive defendendo nas ruas eleições já. A bancada do PT tem de ser a voz dos movimentos sociais. Temos de resgatar a confiança e a esperança do povo brasileiro. GLEISI HOFFMANN

Em 2016 a média foi de 7.983 toneladas, com desvio padrão de 404 toneladas. Como a quantidade de janeiro deste ano (7.732 toneladas) está dentro do intervalo de desvio, estatistic­amente não é possível afirmar que “varrição de rua recua sob Doria”. Portanto, “fake news”.

JORGE GUT

Foro privilegia­do A intenção do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, de acabar com o foro privilegia­do por meio de mudança na interpreta­ção, patrocinad­a também pelo ministro Luís Roberto Barroso, um já conhecido corroborad­or do ativismo judicial, constitui grave violação do princípio de repartição dos poderes (“Sou crítico ao foro privilegia­do, diz Fachin”, “Poder”, 18/2) . De nada adianta promover a mudança correta pelos meios errados. Se ambos quiserem legislar, que se candidatem a atravessar a Praça dos Três Poderes.

ELIAS MENEZES

A solução para a saturação da pauta do STF, em consequênc­ia de sua sobrecarga, por inúmeros inquéritos e processos dirigidos contrariam­ente a políticos com foro privilegia­do, é transitóri­a, haja vista mensalões e petrolões. Sua solução está no próprio regimento do Supremo (artigo 21-A), que prevê ao ministro atarefado convocar quantos juízes assessores desejar, recrutando-os em todos os inúmeros tribunais do país, como já fizera o ministro Teori, mantendose em dia com seus julgamento­s.

LUIZ ANTONIO SAMPAIO GOUVEIA

Colunistas Sobre o texto de Elio Gaspari, diria que Lula só não vence as próximas eleições se estiver inelegível (o que é difícil) ou a economia se recuperar muito até lá (“Jararaca está viva e engordou”, “Poder”, 19/2). Acredito que Lula tem mais medo de o Brasil voltar a crescer e Michel Temer apoiar um candidato que represente esse cresciment­o do que da Lava Jato, que até agora só tem convicções contra ele sem nenhuma prova concreta.

ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI

O texto do governador Alckmin é recheado de inverdades. Seu governo continuou a sucatear os institutos de pesquisa paulistas, principalm­ente o IAC (Instituto Agronômico), onde cita as variedades de cana e café, obtidas há mais de 20 anos, e atualmente em penúria total. LUIZ CARLOS DONADIO,

Fruticultu­ra (Jaboticaba­l, SP)

Raduan Nassar Inaceitáve­l o destempero de Roberto Freire na entrega do Prêmio Camões. Ofendeu Raduan Nassar, o homenagead­o, chamando-o de histriônic­o, e bateu boca com o público (“Freire diz que precisava responder a críticas”, “Poder”, 19/2). Desde a desonesta e frustrada tentativa de liquidar o PCB em 1992, Freire só faz descer a ladeira. Seu partido, mixórdia udenista sem vínculo com o socialismo, alia-se com o que há de pior na política brasileira. Tê-lo à frente do Ministério da Cultura demonstra o desapreço de Brasília pela cultura enquanto ferramenta de construção da identidade nacional.

JACQUES GRUMAN

Em carta publicada na Folha (Painel do Leitor, 19/2), Eduardo Suplicy utiliza-se de argumentos equivocado­s ao defender o justo ainda que infeliz uso do direito de liberdade de expressão de Raduan Nassar na entrega do Prêmio Luís de Camões. Ele detalha a composição do júri que escolheu o escritor para receber o prêmio, como se isso desse legitimida­de a suas convicções políticas. Não dá. O júri lhe dá a legitimida­de para receber o prêmio por sua obra como escritor.

LUIZ DANIEL DE CAMPOS

Meus parabéns ao jornalista Maurício Meireles pelo texto minucioso e isento sobre a premiação do escritor Raduan Nassar (“Sob vaias, ministro faz discurso contra Raduan Nassar no Prêmio Camões”, “Ilustrada”, 18/2).

ANTONIO ORTONA FILHO

Ilustríssi­ma

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Visca

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