Folha de S.Paulo

Governista larga na frente no Equador

Projeções oficiais apontam para 2º turno entre Lenín Moreno, apoiado por Correa, e oposicioni­sta Guillermo Lasso

- SYLVIA COLOMBO

Lasso diz contar com a angariação de votos ‘contra o correísmo’ para superar o primeiro colocado

Dados oficiais divulgados na noite deste domingo (19), com 78,4% dos votos contabiliz­ados, apontam para um provável segundo turno no Equador, no próximo dia 2 de abril, entre os candidatos Lenín Moreno, 63, do partido do governo, e o oposicioni­sta Guillermo Lasso, 61.

Segundo os números anunciados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) às 22h40 (0h40 em Brasília), Moreno tinha 38,83%, enquanto Lasso acumulava 28,56%.

O presidente da entidade, Juan Pablo Pozo, ainda assim, alertou que não era possível afirmar com certeza se haverá segundo turno e que o panorama somente ficaria claro quando todas as atas fossem contabiliz­adas.

“Faltam províncias, faltam os votos dos migrantes no exterior e é preciso esperar a totalidade da contagem para divulgar um resultado definitivo”, afirmou.

Enquanto isso, os dois lados da disputa faziam cada um a sua festa. Os apoiadores do governo foram à avenida de los Shyris, local tradiciona­l de festejo dos partidário­s de Correa, para comemorar. Ali, havia um palco armado, shows musicais, e um animador que repetia a cada tanto: “Moreno no primeiro turno”.

Mesmo quando iam sendo anunciadas as diminutas chances de ele vencer neste domingo (19), a festa seguiu.

O próprio candidato, então, subiu ao palco, cantou e puxou um coro de “primeiro turno, primeiro turno”.

Enquanto isso, Lasso se apressou a ir a programas de televisão, já apresentan­do os cálculos que, segundo ele, podem garantir sua vitória.

A candidata Cynthia Viteri, que está em terceiro, com 16,29%, anunciou seu apoio a Lasso.

“Mais de 60% votaram contra o ‘correísmo’, ou seja, juntando os votos obtidos pelos sete candidatos ao posto, Moreno perderá. As pessoas disseram ‘basta’ a esse regime”, disse Lasso na TV.

No Equador, para vencer no primeiro turno, o candidato deve obter 50% mais um voto, ou 40%, caso o segundo fique pelo menos dez pontos percentuai­s atrás. VOTAÇÃO Segundo o órgão que regula as eleições no país, houve 69,58% de participaç­ão dos equatorian­os.

A votação ocorreu com nor- malidade, apesar de ter havido filas longas na maior parte dos locais de votação visitados pela Folha.

A tarde ensolarada fez com que muitos habitantes da capital fossem para parques e praças após votar. No centro histórico, vendedores de artesanato contaram que tiveram de madrugar para não perder o dia de trabalho.

Já na periferia, também madrugaram os vendedores ambulantes de comida, como em La Argelia, onde Sonia Simbraña, 39, disse que só iria votar no fim do dia. “Minha prioridade era ter bastante coisa para vender. Acordei cedo para cozinhar, fiz humitas, feijão, caldos. Em dia de votação, as pessoas não têm tempo de cozinhar, então almoçam na rua. Quando saem do voto, já estou com tudo pronto”, explicou, sorridente. De fato, a barraca de Simbraña era das mais concorrida­s na saída do centro de votação. PRESIDENTE Rafael Correa votou pela manhã, se declarou confiante de que seu candidato, Moreno, seria eleito já no primeiro turno.

Disse também já estar “nostálgico” com relação ao fato de ter de deixar o cargo que ocupou por dez anos —o mandatário venceu três eleições, 2006, 2009 e 2013.

“Quando assumi, encontrei uma sociedade destroçada e desesperan­çada. Hoje vejo nos rostos das pessoas o orgulho de serem equatorian­as”, afirmou, após votar, numa escola do norte da capital.

Acompanhad­o por vários seguranças e um grupo de correligio­nários que gritava seu nome, o presidente atuou quase como um candidato, carregando bebês e cumpriment­ando os votantes.

 ?? Rodrigo Buendía/AFP ?? O candidato governista à Presidênci­a do Equador, Lenín Moreno, líder nas projeções do primeiro turno, vota em Quito
Rodrigo Buendía/AFP O candidato governista à Presidênci­a do Equador, Lenín Moreno, líder nas projeções do primeiro turno, vota em Quito

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