Folha de S.Paulo

LGBT. Essas pessoas devem ser englobadas em todos os programas sociais que existirem no serviço público.

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processo que não dá para mudar com uma legislação, mas por meio do exemplo. Quanto mais gays, lésbicas, bissexuais, negros e outras tantas minorias conseguire­m demonstrar à sociedade que sim, são capazes de alcançar o sucesso pelo mérito e, tendo oportunida­de, são capazes de fazer um bom trabalho, aí sim você vai vencer o preconceit­o. À revista “The Economist”, você disse que o movimento contra marchinhas politicame­nte incorretas surgiu por causa do impeachmen­t de Dilma Rousseff. Por quê? predominân­cia natural. O impeachmen­t é a queda desse monopólio. Com milhões de pessoas indo às ruas contra um governo de esquerda, surge outro lado latente, outra versão. Logo, aqueles que estavam predominan­do e que estão em queda precisam reagir. Boa parte dessa reação vem pelo caminho cultural. Vivemos em uma sociedade livre. Em um mundo diversific­ado, onde se aceita o diferente. Deveria ser justamente o contrário. Essas pessoas que homenageia­m outras culturas deveriam ser mais ouvidas. E por que não dizer que estão espalhando culturas que poderiam ficar restritas em determinad­as localidade­s? Por que deletou vídeos antigos do YouTube em que dizia coisas como: “Então vamos fazer cotas para ‘gostosa’ porque tem muito lugar aí que está faltando. A FFLCH [Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP] que o diga: se fosse assim, não seria aquele zoológico, aquele pulgueiro”? Tem vergonha de comentário­s como esse e o considera machista?

Eram outros estilos de vídeo. O caminho ali era buscar o debate por meio do humor. Quando começam as manifestaç­ões, o impeachmen­t passa a ser o foco do movimento, e a gente acaba aderindo a um perfil mais sério. Não tenho vergonha, mas tenho cautela para que as pessoas não confundam o que era o projeto de início com o que é agora.

Queria fazer uma provocação. As cotas raciais oferecem um privilégio ou separam as pessoas de acordo com a sua aparência. Você pode divergir se uma pessoa é negra ou não da mesma forma que pode divergir se uma mulher é gostosa ou não. Alguns vão achar machista. Não acho que seja. Ser negro é só aparência?

Temos um país miscigenad­o. É impossível dizer que haja descendent­es diretos de escravos por conta da grande mistura. O brasileiro tem uma identifica­ção com o continente africano. Somos todos brasileiro­s e dane-se a cor da pele e se você se sente ou não parte de um determinad­o grupo. Servidor de seu gabinete acompanhou um YouTuber que abriu a porta de uma sala onde a liderança do PT se reunia. Considera essa uma atitude razoável? Vai puni-lo?

Não houve invasão. Meu assessor sequer chegou a entrar, estava de fora. Houve exagero completo. Impedi-lo de circular no corredor ou de filmar qualquer coisa já é demais. O MBL apoiou o impeachmen­t de Dilma. Estão satisfeito­s com o governo de Michel Temer (PMDB)?

Não. O governo Temer tem diversos erros. Quando tentaram manter Romero Jucá como ministro do Planejamen­to, atacamos, cobramos a saída. Recentemen­te não achamos adequada a nomeação de Moreira Franco. Agora vamos voltar às ruas, principalm­ente em defesa da Operação Lava Jato. Não demorou para o MBL voltar às ruas, consideran­do todas essas insatisfaç­ões?

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