Folha de S.Paulo

O dérbi da segurança

-

UMA DAS frases mais ouvidas quando o Palmeiras se apresentou em janeiro, dita inclusive pelo diretor de futebol do clube, Alexandre Mattos, foi: “Raphael Veiga vai jogar.” A referência era aos primeiros excelentes bons treinos do meia, autor de um gol na vitória sobre o Linense, ontem, em Araraquara.

A vitória mais convincent­e depois do título brasileiro aconteceu em campo neutro e com mais uma lesão. Depois de perder Tchê Tchê, machucado, Eduardo Baptista assistiu a Moisés sair do gramado com lesão no joelho. É grave.

Sem os dois meias de 2016, os meias Michel Bastos e Raphael Veiga foram decisivos. Mais do que pelos gols, por fazerem a bola rodar pelo meio-de-campo.

Também foi importante demais a participaç­ão de Dudu, líder de

PALMEIRAS

passes para gols do Campeonato Paulista. Já são cinco assistênci­as em quatro rodadas do Estadual. Mesmo ritmo do Brasileirã­o, quando terminou como o recordista nesse critério.

Muita gente ainda não entendeu o que mudou do Palmeiras de Cuca para o de Eduardo Baptista. Tudo! Cuca faz coisas que ninguém mais faz no futebol mundial. Marcação homem a homem em boa parte dos jogos. Atacante que persegue lateral até o fim da jogada. Eduardo Baptista prefere marcação por zona, como as maiores equipes do mundo e como a seleção de Tite.

É impossível para Eduardo Baptista repetir experiênci­as que só

CORINTHIAN­S

funcionam pela genialidad­e de Cuca. Também não é da noite para o dia que o sistema muda e passa a funcionar.

É um pouco diferente a situação do Corinthian­s, com quem fará o clássico nesta quarta-feira. No dia 6 de maio, o dérbi completará seu primeiro centenário. Melhor seria festejar num domingo, mas a Federação julga a exposição da televisão é maior na quarta-feira e a diferença de público, insignific­ante.

Se ninguém trabalhar para fazer o domingo voltar a ser o dia do futebol e lotar estádios, os clássicos não vão encher arquibanca­das nem no fim de semana nem à noite.

O Palmeiras chega ao clássico mais forte do que o Corinthian­s. As queixas da torcida sobre Eduardo Baptista, os jogadores se unindo para defendê-lo, tudo parece ter tornado mais rápida a adaptação ao novo sistema. Parece... Porque não se pode ter uma análise definitiva a partir de uma vitória sobre o Linense, em campo neutro.

O Corinthian­s mexeu em coisas importante­s contra o Audax. Arana virou titular da lateral esquerda. Foi por causa dele que o clube aceitou vender Uendel. Léo Jabá pode dar mais profundida­de pelo lado esquerdo. Mas ainda falta criação no meio-de-campo. Enquanto Jadson não volta, a comparação de Renato Augusto com Rodriguinh­o é covarde.

Rodriguinh­o é, muitas vezes, o melhor do time. Mas seu poder de decisão é infinitame­nte menor.

O funcioname­nto com Carille repete coisas dos melhores dias da passagem de Tite. A saída se dá sempre com os laterais, Fágner e Arana deram o maior número de passes certos em Osasco. Outro homem de passagem da bola é Rodriguinh­o. O que falta não é padrão de jogo. É criativida­de.

O Corinthian­s ainda não empolga. O Palmeiras só contra o Linense. O dérbi pode mudar isso e o vencedor ganhará paz para trabalhar nas próximas semanas.

O Corinthian­s ainda não empolga. O Palmeiras só contra o Linense. O dérbi pode mudar isso e trazer paz

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil