Folha de S.Paulo

Transformo­u a RioFilme numa nova potência

-

DA ENVIADA AO RIO

Sérgio Sá Leitão é o Yoda do cinema brasileiro.

Ex-secretário carioca de Cultura, assumiu a RioFilme (2009-15) e fez a empresa municipal ressurgir como uma fênix: R$ 185,5 milhões investidos em 484 projetos, com saldo de 32 mil empregos, movimentan­do R$ 2 bilhões, diz. “Mais do que o realizado nos 16 anos anteriores.”

Reuniu-se com Woody Allen, interessad­o em filmar na cidade. Em Cannes, o americano lhe confessou ser fã de Machado de Assis. (O projeto emperrou porque Allen não sabia o que filmar no Rio.)

Só em 2013, a agência injetou recursos em nove dos dez longas nacionais de maior bilheteria —entre eles “Minha Mãe É uma Peça”, o nº 1.

Leitão chegou ao setor público pelas mãos de Gilberto Gil, ministro da Cultura no governo Lula. De 2003 a 2006, foi chefe de gabinete e secretário de políticas culturais.

Já entrevista­ra Gil nos tempos de repórter no “Jornal do Brasil”. Mas foi o lado verde da força que os aproximou — integrou o conselho de administra­ção da OndAzul, movimento idealizado pelo baiano.

“Sempre fui militante ambientali­sta”, afirma no restaurant­e de uma livraria no Leblon que destaca no menu: “Nossas tábuas são de madeira de florestas renováveis”.

Foi como jornalista diplomado pela UFRJ que esbarrou também com Roberto Freire, presidente do PPS e ministro da Cultura na gestão Michel Temer —na campanha presidenci­al de 1989, entrevisto­u o candidato Freire para “O Pasquim”, conta.

A aliança com o PMDB tem lastro. Leitão é próximo de nomes como o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes. Já nas redes sociais mostra apreço pelo tucano João Doria.

Compartilh­ou uma pesquisa Datafolha que detectou a alta popularida­de do prefeito de São Paulo. Um amigo aponta que só 13%, o número do PT, o reprovam. Leitão

CACÁ DIEGUES

cineasta responde com três carinhas chorando de rir. Na entrevista, veste Ralph Lauren, uma das grifes favoritas de Doria.

Quando o país rachou entre os que defendiam o impeachmen­t de Dilma Rousseff (PT) e os que considerav­am isso um golpe, ele escolheu seu lado: fora, Dilma. “Parecia o mais adequado naquele momento histórico.”

Critica o rótulo de “coxinha” que ganhou de parte do audiovisua­l. “Há uma tendência de estigmatiz­ação dos que pensam diferente.”

Como repórter da Folha, cobriu outra destituiçã­o. Em 2002, lançou o livro “Fora Collor! A Incrível Aventura da Geração que Derrubou um Presidente” e disse ao jornal: “Foi a última aventura coletiva da sociedade brasileira”.

Após 12 anos de vida pública, trabalhou para o AfroReggae (“fiz o ‘business plan’ da produtora deles”) e o Cine Odeon. Pela sua produtora, a Escarlate, toca projetos potencialm­ente hostis ao PT: “Lula - Nunca Antes”, documentár­io para pôr sob escrutínio o mito do ex-presidente, e um thriller sobre o assassinat­o de Celso Daniel, prefeito de Santo André, em 2002.

Ele diz que se desvincula­rá de projetos privados para evitar conflitos de interesse.

Sérgio sempre apareceu para mim como um cinéfilo. É alguém com firmeza de opinião e capacidade de negociar

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil