Municipal abre temporada com música sacra em pré-Carnaval
FOLHA
“Magnificat anima mea” (a minha alma engrandece), diz a tradução latina da passagem bíblica original em grego. O texto foi usado por Villa-Lobos (1887-1959) no “Magnificat-Alleluia” para soprano, coro e orquestra.
A obra marcou a estreia de Roberto Minczuk como regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal no sábado (18) no Theatro Municipal.
A tocante canção da jovem Maria narrada pelo evangelista Lucas surge com a assinatura de Villa-Lobos. É personificada pela solista, enquanto o coro entoa o júbilo “Aleluia” como se comentasse a cena em outro plano.
Conforme o texto do “Magnificat” avança, o “Aleluia” reage sutilmente a ele. A solista Gabriella Pace mostrou bons graves e belíssima sustentação nos pontos culminantes, como no fá-mi final da primeira seção.
Seguiu-se “Lobgesang” (canto de louvor) de Mendelssohn (1809-47), sinfonia com três movimentos instrumentais seguidos por uma cantata que teve solos de Pace, de Luisa Francesconi, e do tenor Fernando Portari.
Experiente, Minczuk domina o ofício. Regeu o programa de memória, coordenando tempos e dinâmicas, dando espaço a intervenções de madeiras e cordas. É detalhista.
Escutar Fernando Portari ao vivo é um privilégio. À beleza íntegra da voz soma-se uma profunda imersão no texto e uma elaborada gama de timbres e dinâmicas. A primeira ária foi cristalina, o segundo solo assustador: “Nós vagamos nas trevas”.
Os coros estiveram bem, embora com “tutti” um tanto agressivos. Será interessante acompanhar o trabalho de Mário Zaccaro (Coro Lírico), de volta à casa, e Naomi Munakata (Coral Paulistano), regentes de estéticas distintas.
Fora do Theatro nada era sacro. No sábado de pré-Carnaval, blocos passavam e o acesso à região não foi fácil. O som ao redor contrastou. CLASSIFICAÇÃO muito bom