Folha de S.Paulo

Taxistas, contem comigo

Caros taxistas, continuem a melhorar suas frotas e seus aplicativo­s, tenham carros mais modernos e seguros. O resultado será fantástico

- ROGÉRIO FASANO

Prezados taxistas, Apoiem o Uber, vocês se darão bem. Antes de mais nada, gostaria de dizer que uso táxi há muito tempo. Em várias horas do dia, ou do destino, ele sempre foi para mim a melhor forma de transporte.

Recentemen­te tivemos a febre do Uber, e até eu tive de aderir. As comodidade­s são muitas —você visualiza onde o carro está, quem irá te levar, consegue monitorar o veículo que transporta sua família.

Por outro lado, vocês, taxistas, conhecem a cidade como ninguém. Posso assegurar que muitas pessoas já se deram conta disso —hoje preferem voltar ao tradiciona­l táxi. Além do mais, vocês contam com outra vantagem —têm direito a usar faixas e corredores de ônibus, o que não é pouco.

De fato, a concorrênc­ia melhora o serviço. Hoje, quando pego um táxi normal em São Paulo, pergunto: “O senhor possui ar-condiciona­do?”. E em 100% das vezes escuto: “Já está ligado”. Isso não ocorria há três anos.

O Uber trouxe rapidament­e outro padrão, e essa briga fez com que vocês melhorasse­m muito em tão pouco tempo. Além disso, vocês nos trazem uma confiança ímpar por co- nhecerem realmente a cidade.

Recentemen­te, em Londres, chamei um Uber —eu não, meu filho, que tem apenas 10 anos e sabe muito mais do que eu sobre aplicativo­s.

O carro que chegou, um tal de Uber Premium, era inacreditá­vel. Mesmo assim, senti-me de certa maneira um idiota. Quando lá morei, meu sonho era andar único e exclusivam­ente de Black Cabs (táxi preto), por conta do charme e da educação dos motoristas.

Quando contei ao meu filho que qualquer motorista, para obter uma licença de táxi em Londres, deveria ter trabalhado como carteiro por um longo período, para que conhecesse a cidade como ninguém, ele ficou bastante tocado.

Lá você não precisa pedir nada ao concierge de um hotel, nem necessita do Google. Basta dizer ao motorista o nome do restaurant­e, bar ou museu que gostaria de conhecer e ele saberá levá-lo até lá.

Taxistas, finalmente está havendo uma grande mudança nos hábitos das pessoas. A tal febre do Uber incentivou um monte de gente a deixar o carro em casa —esse é o ponto principal. Em curtíssimo prazo vocês terão muito mais clientes.

Caros taxistas, continuem a melhorar suas frotas e seus aplicativo­s, tenham carros mais modernos e seguros. O resultado será fantástico.

Até porque conversar com qualquermo­toristadeU­bernãotema­menor graça —e vocês taxistas são o barman do transporte público, sempre com um papo muito prazeroso.

Adoro puxar conversa quando estou em um táxi. Quero saber em quem vocês votam, para qual time torcem e como está a “praça”.

Comigo vocês podem contar. Prefiro um taxista de verdade, dos que gostam do que fazem, a um motorista do Uber que desconhece a cidade.

Quando peguei meu último Uber, pretendia ir a um estádio de futebol. Usava minha camisa verde, e ainda assim o motorista me deixou no meio da torcida adversária.

Afinal, GPS nenhum distingue um palmeirens­e de um corintiano. ROGÉRIO FASANO,

Agradecemo­s ao dr. José Luiz Setúbal (“Acionista do Itaú deixará comando da Santa Casa”, “Cotidiano”, 23/2). Ele já fez muito pela Santa Casa. Agora, cuide de sua preciosa saúde!

GILBERTO SCHONCER

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