Folha de S.Paulo

Aloysio e Sérgio Amaral despontam para Itamaraty

Senador tucano e embaixador lideram apostas; escolha passa por crivo do PSDB

- DANIELA LIMA GUSTAVO URIBE MARINA DIAS

Temer se reuniu com Aécio e ex-chanceler nesta quinta; nome do substituto de Serra deve sair após o Carnaval

Aliados do presidente Michel Temer acreditam que a chefia do Ministério das Relações Exteriores está, neste momento, entre o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), e o embaixador nos EUA, Sérgio Amaral.

Segundo a Folha apurou, o nome de Aloysio foi mencionado pelo presidente ainda na noite de quarta, após Temer aceitar a exoneração de José Serra (PSDB-SP). O tucano deixou a pasta citando problemas de saúde. Ele enfrentou uma cirurgia recentemen­te para tentar remediar um problema na coluna.

Aloysio foi presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado. Segundo pes- soas de dentro do Itamaraty, o trabalho à frente do colegiado despertou elogios do corpo diplomátic­o, que teria recebido bem a cotação de seu nome para o ministério.

Sérgio Amaral, por sua vez, despontou como uma opção que alinhasse diplomacia e política. Ele é muito próximo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi porta-voz.

O certo é que a indicação para a pasta passará pelo crivo dos tucanos. No início da noite, Temer se reuniu no Palácio da Alvorada com o presidente do PSDB, Aécio Neves, além de Serra e do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), para conversar sobre a sucessão no Itamaraty.

A expectativ­a é que a troca de guarda só seja anunciada após o Carnaval.

Auxiliares de Temer afirmam que o presidente decidiu discutir “institucio­nalmente” com os tucanos a indicação para que a pasta se mantivesse sob o guarda-chuva do PSDB, principal aliado da gestão peemedebis­ta e fiador do ajuste do governo.

Antes reticente, Aloysio mudou de postura com relação à migração para o governo ao longo desta quinta-feira (23). Questionad­o por amigos sobre sua disposição, não rechaçou a possibilid­ade de aceitar um convite para a chancelari­a. Ao contrário.

Disse que precisaria “ouvir a família”, mas ressaltou que ainda não tinha recebido nenhum convite oficial. A disposição fez com que o nome de Aloysio crescesse como a opção defendida pelo PSDB da Câmara e do Senado.

No início desta quinta, o senador Tasso Jereissatt­i (PSDB-CE) também era citado como um nome a ser levado a Temer pelo tucanato. Segundo amigos, porém, ele tem dito que está confortáve­l no Senado, onde tem trabalhado para ficar com a chefia da CAE (Comissão de Assunto Econômicos). TROCA DE GUARDA Amigo de Temer, Serra participou ativamente das discussões sobre sua sucessão. O agora ex-ministro iniciou esta quinta-feira, seu primeiro dia fora da pasta, envian- do um comunicado ao Senado, no qual afirma que irá retomar o mandato.

A volta de Serra desalojou seu aliado, José Aníbal (PSDB-SP), que exercia mandato na Casa como suplente do ex-ministro.

Segundo auxiliares, Serra ainda não sabe se será possível retomar os trabalhos no Parlamento com o ritmo que vinha exercendo no início do mandato já na próxima semana. Segundo os médicos, ele precisaria de ao menos quatro meses de esforço moderado para se recuperar da dor crônica que sente na coluna.

No dia em que pediu exoneração, Serra e Temer não chegaram a discutir nomes de possíveis sucessores.

O presidente chegou a pedir para que ele desse ao governo um prazo para a busca de um nome, permanecen­do por mais alguns dias no cargo. Após ler um laudo médico, porém, Temer reconheceu que não havia formas de postergar a situação. Antes, Serra já havia cogitado formalizar a saída só após o Carnaval, mas foi desaconsel­hado.

CATIA SEABRA,

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Alan Marques - 1º.nov.2016/Folhapress O ex-chanceler José Serra, que formalizou volta ao Senado

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