Senadores não foram alvos da operação desta quinta (23).
DE BRASÍLIA
Em nova fase da Lava Jato batizada de Blackout, a Polícia Federal mirou um dos principais operadores de propina para o PMDB: o engenheiro Jorge Luz.
O lobista, que circulava com desenvoltura pela Petrobras e se apresentava como representante do partido, segundo a investigação, é suspeito de movimentar US$ 40 milhões em propina a políticos e funcionários da estatal nos últimos dez anos.
A maior parte dos valores foi direcionada a membros da bancada do PMDB no Senado, segundo o Ministério Público Federal.
Entre os beneficiários, estão o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDBAL), o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia, de acordo com delatores da Lava Jato.
Renan e Jader, de quem o operador se dizia “muito próximo”, são suspeitos de terem dividido US$ 6 milhões em propina oriunda da Petrobras, junto com o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT), para abastecer campanhas políticas em 2006. Os repasses teriam sido operacionalizados por Luz, segundo contou o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Foram expedidos mandados de prisão preventiva contra Jorge e Bruno Luz, pai e filho, que atuavam em conjunto. Ambos estão nos EUA e foram incluídos na lista de procurados da Interpol. A defesa diz que eles irão se apresentar o mais rápido possível.
Os fatos que envolvem parlamentares ficam sob investigação do STF (Supremo Tribunal Federal). Por isso, os ASCENSÃO Jorge Luz, 73, é considerado por investigadores como “o operador dos operadores”.
Ele começou a atuar na Petrobras na época do governo de José Sarney, em 1986, segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Sua entrada na estatal era tão grande que ele estacionava seu carro em vagas de diretores, contou Delcídio.
Luz também foi citado por delatores como o operador Fernando Baiano, de quem é considerado uma espécie de “patrono”, e Cerveró, que o apontou como o idealizador do apoio do PMDB à diretoria Internacional da Petrobras.
O lobista considerava que o setor seria “um bom filão” para a obtenção de recursos para campanhas do partido.
“Ele é muito bem entrosado, muito influente, conhecido de muita gente”, relatou o empresário Milton Schahin, em depoimento ao juiz Sergio Moro. “Era um polvo”, disse o procurador da República Diogo Castor de Mattos.
O operador se envolveu no pagamento de propina em diversos contratos da Petro- bras, segundo as investigações, a maioria da diretoria Internacional, distribuindo valores ao “pessoal do PMDB”, como afirmou Fernando Baiano.
Segundo a Procuradoria, Jorge e Bruno Luz usavam contas no exterior para repassar a propina a agentes públicos, na Suíça e nas Bahamas. (ESTELITA HASS CARAZZAI, JOSÉ MARQUES E BELA MEGALE)