Governo pediu a FBI que desmentisse informe sobre Rússia
De acordo com CNN, chefe de gabinete da Casa Branca procurou diretores policiais para refutar reportagens
O FBI (a polícia federal dos EUA) teria rejeitado um pedido da Casa Branca para desmentir o relatório sobre os encontros de assessores de Donald Trump com pessoas ligadas ao governo russo durante a campanha eleitoral, informou nesta quinta-feira (23) a rede de televisão CNN.
O conteúdo do documento foi publicado no dia 14 pela emissora e pelo jornal “The New York Times”. Segundo a emissora, o contato foi feito por Reince Priebus, chefe de gabinete da Casa Branca, no dia seguinte à reportagem.
Priebus teria falado com o vice-diretor do FBI, Andrew McCabe, em uma reunião na sede do governo. Inicialmente, o agente de segurança disse que a imprensa teria exagerado sobre o relatório.
Membros do governo dizem que, dias depois, o chefe de gabinete voltou a pro- curar McCabe e o diretor da polícia federal, James Comey, para que eles pelo menos falassem com autores das reportagens para desmenti-las.
Comey rejeitou a solicitação, afirma o canal, porque a associação do presidente e de sua equipe com os russos era alvo de investigação. Depois disso, a Casa Branca deu sua própria negativa, chamando a reportagem sobre o relatório “um completo lixo”.
Nos EUA, os contatos entre o alto escalão do governo e o FBI são limitados por lei para evitar interferências políticas em investigações. Os únicos casos em que isso pode ser feito é em consulta sobre os deveres do presidente em segurança pública.
Tanto o governo quanto a polícia federal não comentaram sobre o assunto. A tentativa de desmentir a reportagem foi reforçada depois que parlamentares começaram a investigar as tentativas russas de influenciar Trump.
Além dos contatos de campanha, um encontro com o embaixador russo em Washigton antes de Trump tomar posse fez o assessor Michael Flynn deixar o posto de conselheiro de Segurança Nacional na semana passada. NUCLEAR Nesta quinta, o presidente disse, em entrevista à agência de notícias Reuters, que deseja fortalecer o arsenal nuclear, a fim de manter a liderança mundial americana em bombas atômicas.
“Seria maravilhoso, um sonho se nenhum país tivesse armas nucleares, mas se países vão ter, nós estaremos no topo do grupo”, afirmou.
Ele chamou de desigual o tratado com a Rússia que limitaria o avanço nuclear dos dois países a partir de 2018 às proporções de explosivos existentes hoje. “Apenas mais um acordo ruim que o país fez. Nós vamos começar a fazer acordos bons.”
Facebook amigo O “BuzzFeed” noticiou que o Facebook vem chamando conversas com jornalistas de “NYT”, “Vox” e outros na casa de um de seus diretores no Soho, em Nova York. David Remnick, da “New Yorker”, já foi e conta ter percebido “um misto de responsabilidade, confusão e determinação de fazer algo” contra a desinformação na rede.
Gates vs. bolhas Após Mark Zuckerberg (Facebook) se dizer preocupado com as “bolhas” de informação, em seu “manifesto”, agora é Bill Gates (Microsoft) que chama a questão de “super importante”, em entrevista ao “Quartz”. As tecnologias digitais “permitem que você fique só com pessoas que pensam do mesmo jeito, sem compreender outros pontos de vista, um problema muito maior do que eu e muitos pensávamos”.
‘Entra na fila’ No “Político”, Jack Shafer mostra que Trump não é o primeiro presidente a “odiar a imprensa”. Lista ataques de John Adams em 1798, Ulysses S. Grant em 1868 e Franklin D. Roosevelt em 1942. Thomas Jefferson, mais lembrado por preferir “jornais sem governo a governo sem jornais”, também falou: “Não se pode acreditar em nada do que é visto num jornal. A própria verdade se torna suspeita ao ser colocada nesse veículo poluído”.