Negro sofre mais que branco na recessão
Desemprego aumenta mais para trabalhadores pretos e pardos e chega a 14,4%, ante a média de 12%, diz IBGE
Rendimento médio de negros no fim do ano passado era equivalente a 55% do recebido por trabalhadores brancos
Trabalhadores negros sofreram mais com a deterioração do mercado de trabalho durante a recessão econômica do que os brancos, de acordo com informações divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (23).
A taxa de desemprego para pessoas que se declaram de cor preta atingiu 14,4% no último trimestre do ano passado, segundo o instituto. Entre os pardos, a taxa de desocupação alcançou 14,1%.
A taxa média de desemprego no país, independentemente de cor ou raça, foi de 12% em 2016, de acordo com o IBGE. Entre pessoas de cor branca, a taxa atingiu 9,5% no último trimestre do ano.
“A população preta e parda tem problemas históricos de acesso ao mercado”, afirmou Cimar Azeredo, da coordenação de Emprego e Renda do IBGE. “São heranças do processo de colonização e da escravidão no país, que legaram aos negros uma realida- de de baixa escolaridade e menos oportunidades.”
A diferença entre brancos e negros também é grande quando se avalia a renda média do trabalhador considerando a raça. Negros tiveram, no final do ano passado, rendimento médio de R$ 1.461, o equivalente a 55% do rendimento médio dos brancos, que alcançou R$ 2.660.
Azeredo lembrou que negros são maioria em postos de trabalho da construção civil, que exige menor escolaridade em relação à indústria. Somente a construção fechou cerca de 1 milhão de postos de trabalho no último ano. GÊNERO O avanço do desemprego no ano passado também atingiu com mais força as mulheres do que os homens. A taxa de desocupação entre as mulheres atingiu 13,8% no último trimestre do ano, enquanto a dos homens foi de 10,7%.
Pela primeira vez, o IBGE também divulgou dados sobre o desemprego pelas cinco regiões do país. O Nordeste foi a região que registrou taxa de desocupação mais alta, de 16,5%. No Norte, o indicador foi de 16%. No Sudeste (13,8%) e no CentroOeste (13,2%), a taxa permaneceu acima da média no Brasil. (LUCAS VETTORAZZO) Taxa de desemprego no país segundo cor ou raça, em %