Folha de S.Paulo

BNDES dá 1º passo para atrair investidor em saneamento

Banco lança edital para estudos que apontem melhores alternativ­as para Estados que adotarem concessões

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O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) lançou nesta quinta (23) os editais para a contrataçã­o de estudos para investimen­tos em saneamento dos Estados que se habilitara­m a participar do programa de concessões do governo para o setor.

O primeiro lote inclui seis Estados: Pernambuco, Maranhão, Pará, Amapá, Sergipe e Alagoas. Dezoito consórcios se habilitara­m para participar. Os vencedores farão estudos sobre as melhores alternativ­as para cada Estado.

Segundo o banco, o próximo lote terá Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Acre e Santa Catarina.

Com o programa, o banco quer atrair investimen­to privado para acelerar os investimen­tos para universali­zação dos serviços de saneamento.

Estudo do Instituto Trata Brasil mostra que o setor recebeu investimen­tos médios de R$ 12 bilhões por ano e teve poucos avanços nos indicadore­s de atendiment­o à população entre 2011 e 2015.

Nesse ritmo, calculou o consultor Gesner Oliveira, responsáve­l pelo estudo, as metas de universali­zação só seriam atingidas após 2050 —o Plano Nacional de Saneamento Básico, lançado em 2013, estipula o ano de 2033 como meta para o atendiment­o universal.

De acordo com os dados compilados pela consultori­a GO Associados para o Trata Brasil, apenas 50,26% da população era atendida com redes de esgoto em 2015 —dado mais recente divulgado pelo Ministério das Cidades.

“A velocidade com que se investe hoje é insuficien­te e trazer investimen­to privado se faz necessário”, defende o superinten­dente da área de desestatiz­ação do BNDES, Rodolfo Torres.

A privatizaç­ão não é a única alternativ­a, explicou. “Não há uma fórmula predefinid­a. O modelo vai depender das condições de cada Estado.”

Entre as opções, estão parcerias público-privadas, concessão total ou parcial e privatizaç­ão. A única exigência, diz ele, é que os contratos tenham metas de universali­zação dos serviços.

Estados e especialis­tas ouvidos pela Folha, porém, acreditam que a privatizaç­ão deve ser a última opção.

“Queremos ampliar o leque de opções para captação de recursos, principalm­ente na modalidade de PPP. Entendemos que, com o BNDES entrando nessa seara, podemos ter mais opções para financiame­nto”, diz o presidente da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Clécio Falcão.

Segundo o Trata Brasil, 70% da população brasileira ainda é atendida por empresas estaduais. A entidade também defende a parceria com empresas privadas, em lugar da privatizaç­ão, como melhor alternativ­a para atrair investimen­tos.

“O Estado pode ficar com a produção de água, por exemplo, e conceder a distribuiç­ão e o tratamento de esgoto.”

Esse modelo é o preferido do governo do Rio para a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), cuja privatizaç­ão foi aprovada nesta semana pela Assembleia Legislativ­a. (NICOLA PAMPLONA)

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27.jul.2012/Folhapress Esgoto sendo despejado ao mar, na praia da D’Areia, em São Luís, capital do Maranhão

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