Folha de S.Paulo

Vale volta a ter lucro e eleva valor de dividendo

- NICOLA PAMPLONA

Empresa teve ganho de R$ 13 bi no ano passado

A recuperaçã­o no preço do minério de ferro e os recordes de produção levaram a Vale a ter no ano passado um lucro de R$ 13,3 bilhões.

Com o desempenho, a empresa anunciou que vai propor o pagamento de R$ 4,6 bilhões em remuneraçã­o a seus acionistas, além dos R$ 856 milhões já antecipado­s em dezembro.

Em 2015, a mineradora teve um prejuízo recorde de R$ 44,2 bilhões. Naquele ano, a empresa realizou uma série de baixas contábeis no valor de seus ativos.

A companhia tem a avaliação de que a tendência de preços do minério de ferro em alta e produção crescente se mantém. Neste início do ano, a cotação do minério oscila em torno dos US$ 90 por tonelada, bem acima da média de 2016, de US$ 54,4 por tonelada (um aumento de 22% com relação ao ano anterior).

“O cenário indica um preço nitidament­e acima dos US$ 60 e, talvez, de US$ 80 para cima na média do ano”, disse o diretor de metais ferrosos da companhia, Peter Popinga.

O resultado da companhia foi ajudado também por menores baixas contábeis no valor de ativos. Em 2015, foram R$ 33,1 bilhões, provocados, principalm­ente, pela queda nos preços do minério.

Em 2016, foram R$ 3,9 bilhões em ativos em operação e R$ 5,9 bilhões referentes à venda de ativos.

No acumulado do ano, a Vale teve receita líquida de R$ 94,6 bilhões, 21,2% mais que em 2015. A geração de caixa medida pelo Ebitda foi de R$ 41 bilhões, alta de 88%.

Com a conclusão de seu principal projeto de investimen­to, S11D, no Pará, a empresa prioriza a redução de seu endividame­nto, que fechou 2016 em US$ 25 bilhões, praticamen­te no mesmo patamar registrado em 2015.

A meta é chegar a um valor entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões, segundo o presidente da companhia, Murilo Ferreira. Para isso, os investimen­tos em novos projetos foram reduzidos e a empresa vem vendendo ativos.

Em 2016, a Vale investiu US$ 5,2 bilhões, ou US$ 2,9 bilhões a menos do que em 2015, e vendeu US$ 3,8 bilhões em ativos —incluindo participaç­ão nos negócios de fertilizan­tes e navios. SAMARCO Ferreira disse que a companhia trabalha para que a mineradora Samarco, fechada desde o rompimento da barragem de Fundão, no fim de 2015, volte a operar no terceiro trimestre.

A ideia inicial é dispor os rejeitos da mina de Mariana (MG) em uma cava (buraco aberto pela exploração mineral), na própria área da Samarco, por dois ou três anos.

Depois desse período, seria uma cava da Vale, chamada Timbopeba, que permitiria a operação sem necessidad­e de barragens.

“Tem sido uma discussão muito bem-sucedida, já tivemos algumas audiências públicas e está em fase de discussão avançada. Mas dependemos de fatores externos”, comentou o presidente da Vale, que divide o controle da Samarco com a BHP Bilinton.

Nesta semana, a mineradora anunciou um novo acordo de acionistas, que põe fim ao bloco de controle, hoje nas mãos de Bradesco e fundos de pensão, e torna a Vale uma empresa sem dono.

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