Folha de S.Paulo

Acordo de ‘boas intenções’ movimenta Oi

Antes crítico de portuguese­s, empresário Nelson Tanure se torna acionista da Pharol, antiga Portugal Telecom

- JULIO WIZIACK

Transação, que não teve o valor revelado, prevê que brasileiro terá 2% da maior acionista da operadora brasileira

O empresário Nelson Tanure, dono do fundo Société Mondiale, tornou-se sócio do grupo português Pharol, principal acionista da Oi, a tele brasileira que está em recuperaçã­o judicial com uma dí- vida de R$ 65,4 bilhões.

A informação foi confirmada à Folha por representa­ntes do fundo e não foi negada pela Pharol.

Até o momento, existe o compromiss­o de que Tanure atinja 2% das ações do grupo português comprando os papéis diretament­e em Portugal, onde a companhia tem suas ações negociadas.

Os valores da transação não foram revelados, mas quem acompanha o negócio afirma que o limite de 2% está prestes a ser atingido.

O presidente da Pharol, Lu- iz Palha, afirmou que não saberia informar se Tanure adquiriu os papéis. “Nossa empresa tem ações em Bolsa de Valores e qualquer investidor pode adquiri-las.”

Ainda segundo representa­ntes do Société Mondiale, Tanure fechou o negócio com a Pharol como “uma sinalizaçã­o de boas intenções” aos portuguese­s, que, em troca, abririam espaço para que dois indicados do fundo assumissem assentos no conselho de administra­ção da Oi.

O presidente da Pharol não negou essa informação. IMBRÓGLIO Em julho do ano passado, o Société Mondiale, fundo ligado a Tanure, se aliou a diversos investidor­es da Oi para formar um grupo capaz de tomar assentos no conselho da empresa e, depois, convocar uma assembleia-geral para destituir os portuguese­s da Pharol, que, então, detinham a maioria do conselho e a gestão da companhia.

Tanure considera que a Pharol, antiga Portugal Telecom, foi a grande responsáve­l pelo fracasso financeiro da operadora brasileira.

Como revelou a Folha na ocasião, o brasileiro e seu grupo já estariam próximos de 18% das ações da tele, mesmo peso da Pharol, que, apesar de ter cerca de 27% das ações, só pode votar com 15% nas assembleia­s.

A disputa acabou dificultan­do tanto as negociaçõe­s da Oi com seus credores que exigiu que o juiz da 7ª Vara Empresaria­l do Rio, onde tramita o processo de recuperaçã­o da tele, determinas­se um acordo entre as partes.

O acordo foi fechado, aprovado pela Justiça e enviado à Anatel, que, no início deste ano, concedeu anuência para a entrada dos conselheir­os de Tanure no conselho da Oi sob a condição de que um fiscal da agência reguladora participe das reuniões.

Na época, não foi revelada a operação de compra de ações da Pharol pela Société Mondiale, que foi determinan­te para o acordo.

No mercado, surgiram rumores de que a Pharol estaria também negociando suas ações da Oi com Tanure. Ambos negam veementeme­nte essa negociação.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil