SÃO PAULO Desfile no sambódromo tenta manter visibilidade após explosão de blocos
Apresentação de escolas de samba congela preços e muda júri para preservar imagem e público
de R$ 30 milhões para as agremiações— não seria possível colocar o samba na rua, afirmam os dirigentes.
“Ao longo do percurso que as escolas de samba atravessaram, o papel exercido pelo sambista pobre e negro sofreu muitas transformações”, afirma Baronetti.
Mas, de maneira alguma, diz o historiador, os sambistas podem ser vistos como “entreguistas”, que deram o Carnaval para o Estado ou para a classe média e, posteriormente, também para as emissoras de televisão.
Para Baronetti, os sambistas procuraram o caminho da negociação. “Eles viam nas agremiações dirigidas ou fundadas por eles uma oportunidade de sair do anonimato, de alcançar prestígio social, como obter retorno material.”
Nesse contexto, os carros alegóricos e as baterias das escolas ficaram maiores. O samba acelerou. As fantasias ficaram exuberantes.
“A grande mudança da São João para a Tiradentes foi possibilitar um maior número de desfilantes, mais alas. A atração da classe média, que podia pagar mais, melhorou o padrão das fantasias, que passaram a ter materiais melhores e serem mais bem feitas. As alegorias passaram a crescer de tamanho.”
Antes da chegada do atual sambódromo, em 1991, outra figura fez mudar a festa de patamar. “A presença do carnavalesco Joãosinho Trinta na [Unidos] do Peruche mudou de nível a parte visual do Carnaval”, afirma Baronetti.
Em 1968, houve a oficialização dos desfiles, na ditadura, antes da ida para a Tiradentes. A censura e os regulamentos da época impediram que as letras apresentadas na avenida fossem de crítica social, como eram antes.
Os temas passaram a ser históricos ou mais abstratos, como são quase todos hoje.
Quanto à parte musical, segundo Baronetti, a música passou a ficar mais acelerada no início dos anos 1990 —e as letras, maiores. 23h15 “A vitória vem da luta. A luta vem da força. E a força... da união!” 1h25 “Aparecida - A rainha do Brasil. 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro” 2h30 “Mãe África canta sua história: do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe” 3h35 “Com as mãos e a guerra de um povo sonhador, surge o contraste de uma nova metrópole –Sampa, lugar dos sonhos, oportunidades e esperança” 4h40 “Eu sou a arte: meu palco é a rua” 5h45 “Amor com amor se paga. Uma história animal” 22h30 “Zé do Brasil. Um nome e muitas histórias” 23h35 “A Peruche no maior axé exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria” 0h40 “Paz: O império da nova era” 1h45 “Dragões canta Asa Branca” 2h50 “No xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu... Menininha, mãe da BahiaIalorixá do Brasil” 3h55 “Coré Etuba - A ópera de todos os povos... Terra de todas as gentes... Curitiba de todos os sonhos” 5h “Convivium. Sente-se à mesa e saboreie”