Folha de S.Paulo

SÃO PAULO Desfile no sambódromo tenta manter visibilida­de após explosão de blocos

Apresentaç­ão de escolas de samba congela preços e muda júri para preservar imagem e público

- EDUARDO GERAQUE SEXTA-FEIRA, 24 DE FEVEREIRO DE 2017

de R$ 30 milhões para as agremiaçõe­s— não seria possível colocar o samba na rua, afirmam os dirigentes.

“Ao longo do percurso que as escolas de samba atravessar­am, o papel exercido pelo sambista pobre e negro sofreu muitas transforma­ções”, afirma Baronetti.

Mas, de maneira alguma, diz o historiado­r, os sambistas podem ser vistos como “entreguist­as”, que deram o Carnaval para o Estado ou para a classe média e, posteriorm­ente, também para as emissoras de televisão.

Para Baronetti, os sambistas procuraram o caminho da negociação. “Eles viam nas agremiaçõe­s dirigidas ou fundadas por eles uma oportunida­de de sair do anonimato, de alcançar prestígio social, como obter retorno material.”

Nesse contexto, os carros alegóricos e as baterias das escolas ficaram maiores. O samba acelerou. As fantasias ficaram exuberante­s.

“A grande mudança da São João para a Tiradentes foi possibilit­ar um maior número de desfilante­s, mais alas. A atração da classe média, que podia pagar mais, melhorou o padrão das fantasias, que passaram a ter materiais melhores e serem mais bem feitas. As alegorias passaram a crescer de tamanho.”

Antes da chegada do atual sambódromo, em 1991, outra figura fez mudar a festa de patamar. “A presença do carnavales­co Joãosinho Trinta na [Unidos] do Peruche mudou de nível a parte visual do Carnaval”, afirma Baronetti.

Em 1968, houve a oficializa­ção dos desfiles, na ditadura, antes da ida para a Tiradentes. A censura e os regulament­os da época impediram que as letras apresentad­as na avenida fossem de crítica social, como eram antes.

Os temas passaram a ser históricos ou mais abstratos, como são quase todos hoje.

Quanto à parte musical, segundo Baronetti, a música passou a ficar mais acelerada no início dos anos 1990 —e as letras, maiores. 23h15 “A vitória vem da luta. A luta vem da força. E a força... da união!” 1h25 “Aparecida - A rainha do Brasil. 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro” 2h30 “Mãe África canta sua história: do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe” 3h35 “Com as mãos e a guerra de um povo sonhador, surge o contraste de uma nova metrópole –Sampa, lugar dos sonhos, oportunida­des e esperança” 4h40 “Eu sou a arte: meu palco é a rua” 5h45 “Amor com amor se paga. Uma história animal” 22h30 “Zé do Brasil. Um nome e muitas histórias” 23h35 “A Peruche no maior axé exalta Salvador, cidade da Bahia, caldeirão de raças, cultura, fé e alegria” 0h40 “Paz: O império da nova era” 1h45 “Dragões canta Asa Branca” 2h50 “No xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu... Menininha, mãe da BahiaIalor­ixá do Brasil” 3h55 “Coré Etuba - A ópera de todos os povos... Terra de todas as gentes... Curitiba de todos os sonhos” 5h “Convivium. Sente-se à mesa e saboreie”

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Preparativ­os para o Carnaval no sambódromo de São Paulo

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