Ensino médio terá Ideb de todas as escolas
Índice federal de qualidade das escolas não será mais por amostra; governo quer dados da rede pública e privada
Todos os alunos do 3º ano do ensino médio devem fazer avaliação de matemática e de português neste ano
A próxima edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) contará com notas de todas as escolas de ensino médio do país, incluindo públicas e particulares. Atualmente, o ensino médio não tem notas por escola —só há um índice geral da etapa, por amostragem.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação, anunciou que a prova de português e matemática —feita até hoje apenas por uma amostra de escolas nesta etapa— será ampliada para todas as esco- las. Todos os alunos do 3º ano do médio deverão fazer a avaliação federal neste ano.
Assim, será possível ter um Ideb de cada unidade, como já ocorre nos anos iniciais e finais do ensino fundamental. Da mesma forma, as escolas devem passar a ter metas a longo prazo.
O Ideb leva em conta o desempenho nessa prova e taxas de aprovação escolar. O índice sai a cada dois anos.
Com a mudança, está prevista a participação de 7,5 milhões de estudantes. Desses, 2,4 milhões são alunos do 3º ano do médio. O restante é do fundamental (fazem a avaliação alunos do 5º e 9º anos).
O MEC não forneceu previsão de gastos para que a prova chegue a todas escolas.
Para Reynaldo Fernandes, professor da USP e presidente do Inep quando o Ideb foi criado, em 2007, a medida é positiva. “Com uma prova universal no ensino médio, as escolas vão ganhar [recebendo os dados]”, diz.
Fernandes conta que, na época da criação do indicador, a aposta do MEC era que o Enem cumprisse o papel de oferecer dados sobre as escolas, embora nunca tenha sido descartada a ampliação do Ideb por escola no médio.
Ainda não há definição oficial, mas a Folha apurou que o Ideb do ensino médio deve substituir a divulgação dos resultados por escola do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). DADOS A divulgação de dados do Enem por escola nunca foi unanimidade porque o exame não tem a função de avaliar a unidade. Além disso, os critérios de divulgação das médias deixam um grande número de escolas sem informações disponíveis.
Na última edição do Ideb, conhecida no ano passado, 60% das escolas públicas brasileiras ficaram fora da lista do Enem. Só têm a média divulgada unidades em que ao menos metade dos alunos fizeram o Enem. Também é necessário um mínimo de dez alunos participantes.
O professor Francisco Soares, também ex-presidente do Inep, não vê a mudança com grande entusiasmo. “Seria ainda mais interessante que mais escolas particulares de ensino fundamental participassem da prova [usada para o Ideb]”, diz. Só parte da rede privada participa.
O anúncio da mudança ocorre após o governo Michel Temer (PMDB) conseguir aprovar a reforma do ensino médio por meio de uma medida provisória.
Há planos de mudanças no formato do Enem. Tanto para cortar custos com a realização da prova como para adequar o exame à nova estrutura do ensino médio.