Nadador perdeu patrocínios durante pausa
Mais de dez meses após sua última aparição em um torneio oficial, Cesar Cielo, 30, já sabe quando e onde voltará a competir. Único campeão olímpico na história da natação do país, o paulista vai nadar o Troféu Maria Lenk no início de maio, provavelmente em Curitiba.
Foi justamente na edição passada da competição, em abril de 2016, que Cielo nadou em alto nível pela última vez. Na ocasião, foi superado nos 50 m livre —por Bruno Fratus e Italo Duarte— e ficou fora dos Jogos do Rio.
Nos meses subsequentes, esteve recluso, recusou convites para se envolver com a Olimpíada é só voltou a aparecer em outubro, quando se disse indeciso sobre o retorno a provas de competição.
A prioridade de Cielo por ora se concentra nos 50 m borboleta, prova na qual foi bicampeão mundial em 2011 e 2013. Ele julga ter mais possibilidades de obtenção de um bom resultado agora.
O novo técnico de Cielo, Alberto Pinto da Silva, o Albertinho, vê um problema na priorização dos 50 m borboleta. O principal objetivo do nadador é se classificar para o Campeonato Mundial de Budapeste. Em julho, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) anunciou que enviará para a Hungria somente os oito melhores índices técnicos do Troféu Maria Lenk obtidos em provas “olímpicas”, ou seja, que estão no programa dos Jogos de Tóquio-2020.
Os 50 m borboleta não são disputados em Olimpíadas, somente em Mundiais.
A confederação tomou a atitude de restringir o tamanho da delegação após ver seu orçamento minguar com a redução do valor de patrocínio aportado pelos Correios, que caiu mais de 70% em relação ao contrato anterior, e a saída do Bradesco.
Ricardo de Moura, superintendente-executivo da CBDA, prefere não falar sobre con- vocações para o Mundial.
“Acho que a natação brasileira ganha muito com o retorno dele. Cielo é referência, vai inspirar outros atletas, que verão que a carreira tem altos e baixos e não se pode desistir”, diz de Moura. “O Mundial é uma outra etapa, agora Cielo precisa se focar na primeira”, completa.
Além dos 50 m borboleta e dos 50 m livre, Cielo deve nadar o revezamento 4 x 100 m na principal competição da natação nacional. ROTINA Cesar Cielo tem treinado diariamente na piscina do Esporte Clube Pinheiros, para onde voltou em fevereiro depois de quase oito anos.
Lá seu técnico vai realizar tomadas de tempo com direitoaroupadecompetiçãoecronometragem semioficial. A ideia é “avaliar sua a real condição”, diz Albertinho.
Com os tempos, ele e Cielo vão analisar se podem voltar o foco para uma distância que vem um pouco abaixo na lista de metas atualmente: os 50 m livre, prova que o consagrou —da qual é atual recordista mundial (20s91) e foi tricampeão mundial entre 2009 e 2013, além de medalha de ouro em Pequim-2008.
Nos Jogos de Tóquio, em 2020, ele terá 33 anos . Dois a menos do que Anthony Ervin quando foi campeão olímpico dos 50 m livre, na Rio-2016.
DE SÃO PAULO
Enquanto preparava sua volta às piscinas, Cesar Cielo não escapou da crise e teve de lidar com a perda de patrocinadores e apoiadores.
Em abril do ano passado, quando competiu pela última vez, no Troféu Maria Lenk, o nadador tinha sete marcas patrocinadoras, contra quatro atuais.
Segundo seu site oficial, Cielo já teve apoio de grandes companhias como Adidas, Embratel, Furnas, Gatorade, Jeep e Correios —além da Uni- cred e do governo federal, por meio da Bolsa Pódio.
Atualmente, a situação mudou. Segundo consta em sua página oficial, Adidas, Embratel, Furnas e Jeep deixaram de apoiar o nadador.
A marca dos Correios ainda aparece na relação de patrocinadores, porém a estatal, em crise econômica, havia estabelecido que não faria aportes a atletas individualmente como antes. A partir deste ano, seu investimento no esporte se dará somente por meio de confederações.
Atualmente, Cielo conta com apoio financeiro do Esporte Clube Pinheiros, seu novo clube, da Gatorade e das empresas Dux e Careclub.
Após a conquista do ouro olímpico nos Jogos de Pequim-2008, Cielo se tornou um dos atletas mais bem pagos do Brasil. Antes de vestir Adidas, por exemplo, teve fornecimento de equipamento esportivo provido pela Arena, uma das gigantes do mercado de esportes aquáticos.
Além disso, também já foi patrocinado pela montadora de carros de luxo Audi e pelo energético TNT. (PRC)