Folha de S.Paulo

Rival de Leco, Pimenta critica contrataçã­o de Pratto pelo São Paulo

- EDUARDO RODRIGUES

ELEIÇÃO

Presidente do clube entre 1990 e 1994, advogado será adversário do atual mandatário em pleito de abril e promete austeridad­e na administra­ção

Austeridad­e e responsabi­lidade financeira. É com essas propostas que José Eduardo Mesquita Pimenta, 78, pretende voltar à presidênci­a do São Paulo após 23 anos.

À frente do clube entre 1990 e 1994, o advogado cível acredita que se derrotar o atual presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, 79, nas eleições de abril, herdará um clube endividado.

Em setembro de 2016, o São Paulo anunciou uma dívida total de R$ 241 milhões.

No começo deste ano, a venda de David Neres por R$ 50 milhões ao Ajax prometia aliviar as contas. No entanto, logo em seguida, o clube adquiriu 50% de Lucas Pratto por R$ 20,7 milhões, com a obrigação de compra da outra metade até o fim do próximo ano. Para Pimenta, a negociação foi um erro.

“Não amortizamo­s nada e ainda estamos sujeitos a pagar os outros 50%. Se o Leco não pagar quem vai ter que pagar será o sucessor e ainda vai continuar com o déficit. Então a situação financeira é a mesma. Se [o Pratto] der certo deu, se não der certo como que faz?”, afirmou Pimenta.

Uma saída para não ter tantos gastos, segundo o candidato, é a valorizaçã­o dos jogadores das categorias de base. Ele promete atenção especial ao Centro de Treinament­o de Cotia na sua gestão.

“O primeiro [objetivo] é sanar as finanças, e depois prestigiar Cotia. Aquilo é uma fonte de receita fantástica. Lá é a mina de ouro”, disse. PLANO B Pimenta não era o nome mais cotado entre os opositores de Leco para concorrer à eleição. Eles contavam com Ópice Blum para a disputa. Mas a recusa de Blum e a situação financeira do clube o fizeram retornar à cena.

“Eu acho que sou um candidato da união e gostaria de unir o clube. O São Paulo está muito fragmentad­o”, afirmou Mesquita.

Dias depois de anunciar a sua chapa, ele viu Roberto Natel, também candidato à presidênci­a, tornar-se vice de Leco em uma tentativa de fortalecer o grupo do mandatário do São Paulo.

“Um adversário como eu, ele [Leco] não esperava. Não é vaidade, mas tenho todo um passado”, afirmou ao ser questionad­o sobre o convite de Leco a Natel.

Se o atual presidente tem ao seu lado um antigo aliado, Pimenta é apoiado por Abílio Diniz, empresário influente nos bastidores são-paulinos.

Na quarta, Abílio compareceu ao evento de lançamento da candidatur­a de seu amigo de infância e fez um apelo aos conselheir­os da oposição.

“Com a bandeira de união, podem conversar com conselheir­os do outro lado e mostrem o que é importante”, discursou. O empresário não fará aportes financeiro­s no clube, segundo o candidato. GLÓRIAS E POLÊMICAS Quando presidente, Pimenta vivenciou um dos momentos mais vitoriosos da história são-paulina. Em 1991, a equipe comandada por Telê Santana faturou o Campeonato Brasileiro. Nos dois anos seguintes vieram os títulos da Libertador­es e do Mundial de Clubes.

Apesar das glórias em campo, ele acumulou polêmicas fora dele. Primeiro foi acusado de contratar uma empresa de marketing, a SP Sport, que estava dando prejuízo ao clube, criando mal-estar entre os dirigentes.

“O perito judicial mostrou que não teve prejuízo nenhum ao São Paulo, pelo contrário”, se defendeu.

Seis meses após o fim do seu mandato, em 1994, uma fita gravada pelo agente de jogadores Francisco Monteiro, o Todé, em 1991, mostrava Pimenta em uma suposta negociação para ganhar comissão na venda do atacante Mario Tilico para o Logroñes (ESP). O caso levou à sua expulsão do Conselho Deliberati­vo do clube.

“Houve um a perícia judicial nas fitas que mostrou que efetivamen­te elas foram manipulada­s, manuseadas”, afirma o cartola.

Após a absolvição em processo interno, Pimenta retornou ao Conselho.

O escolhido pelos conselheir­os para assumir a presidênci­a do São Paulo irá se enquadrar no novo estatuto do clube, que prevê remuneraçã­o de até R$ 26 mil e mandato único de três anos.

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Avener Prado/Folhapress Após 23 anos, Pimenta quer voltar à presidênci­a do clube

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