Arqueólogos brasileiros reveem a história da ocupação da Antártida
Pesquisadores investigam a presença de caçadores no continente a partir de seus objetos
Objetivo é dar lugar de destaque às visitas das ‘pessoas comuns’ em contraposição ao relato de grandes exploradores COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Último continente conquistado pelo homem, a Antártida tem sua história oficial contada através dos feitos de abastados exploradores europeus, como o dinamarquês Roald Amundsen e o britânico Robert Scott, protagonistas da corrida pelo polo Sul.
Um grupo de arqueólogos do Brasil, no entanto, quer rever esses relatos e incluir a participação de “gente comum” que também ocupou a região de forma pioneira.
Ignorados nos livros didáticos e nos relatos históricos, grupos de trabalhadores — sobretudo caçadores de baleias, focas e leões-marinhos— visitavam de maneira periódica o continente gelado. A motivação era principalmente econômica: a pele, a carne e a gordura desses animais marinhos eram extremamente valorizadas, o que “empurrava” quem vivia da caça para áreas cada vez mais remotas do planeta.
Para investigar a forma como essas pessoas se estabeleceram na Antártida, os ci- vestuário e até dieta.
“Temos muitos sapatos . Eles eram feitos para serem usados nos barcos, que quase não resistiam às condições adversas da Antártida. Se você vai a um museu, costuma ver os sapatos dos reis, das elites. Aqui nós temos exemplares da vida real dos trabalhadores”, avalia Zarankin.
Brasileiros querem mostrar 'lado B' da ocupação humana na Antártida, com a participação de gente comum, não só de nobres
O que é aceito A ocupação teria começado no século 19; a história oficial diz que o primeiro a chegar à região foi o capitão Smith, da Inglaterra, que foi até o arquipélago conhecido como ilhas Shetland do Sul, a 120 km da península Antártica, em 1819