O muro de Trump e suas oportunidades
Combater o chauvinismo ianque personificado por Trump com parelho nacionalismo latinoamericano seria irracional
O que todos pensavam ser uma promessa populista de campanha se faz realidade —o presidente dos EUA, Donald Trump, já promete acelerar o início da construção do muro que separará sua nação de seus vizinhos pobres.
Sabemos todos que a obra enfrenta o sonho mundial da flexibilização das fronteiras e nos remonta à realidade histórica das trevas do século 20. Porém, há que se notar as vantagens que o projeto, como símbolo de uma política de divisão, pode trazer ao continente latino-americano.
A subida do muro deve ser em alguma medida aceita como vontade da nação estadunidense. Não desconsideramos a hipótese de que surja de interesses oligárquicos ou mesmo individuais de Trump: para quem fez fortuna com a construção, o financiamento público para essa mega-obra é um negócio literalmente monumental.
No entanto, há que se aceitar que a promessa da divisão era das mais sonantes da campanha conservadora, portanto conduziu Trump a seu cargo atual.
Em um mundo juridicamente ideal, em que todas as leis fossem cumpridas, o muro não seria mais que uma linha palpável. Em teoria, o fechamento de fronteiras para imigrantes e a abertura ou não do mercado ocorrem apenas por vias administrativas e diplomáticas.
Nesse sentido, queixar-se da divisão física significa clamar pelo direito de enviar emigrantes ilegais para a terra prometida e, mais, seguir com o comércio de narcóticos, pelos quais os dependentes do Norte pagam em dólares.
Combater o chauvinismo ianque com parelho nacionalismo latinoamericano seria irracional, mas tampouco se deve, como resto de continente, dissuadir a qualquer preço um país soberano que decide fechar-se em si próprio.
Daí a oportunidade de fazer crescer o centro-sul, independentemente de nosso vizinho rico, a começar pelo aspecto mais imediato da muralha: o estrangulamento do narcotráfico nas fronteiras mexicanas empobrecerá os cartéis que ali cobram tantas vidas, com a oportunidade da formalização da economia e consolidação da paz pública.
Em prazo mais longo, será inevitável a valorização do que se pode chamar de marca Latino-América, a qual, se olhamos com atenção, já começa a se sedimentar.
As recentes divulgações de comerciais que autoafirmam produtos latinos é uma prova apenas secundária dessa realidade. A evidência mais notória é a antipropaganda que fazem do nacionalismo de Trump as próprias empresas ianques, ainda que internamente se aproveitem da ideologia.
As marcas sabem que o clima de hostilidade, o qual a muralha somente concretiza, implicará relevante perda de mercado ao sul da fronteira, parcela irrenunciável de seus lucros. Desconfio seriamente que, por detrás do atual discurso integrativo das estrelas do cinema, esteja a visão, muito mais pragmática, de que não apenas os consumidores internos fazem a fortuna de Hollywood.
Talvez seja utópico imaginar que nossos descendentes —quando, daqui a décadas, assistirem à cena da queda do muro dos EUA— vejam muito mais americanos cruzando ao lado latino do que o contrário.
Entretanto, parece-me igualmente desproporcionado insistir no discurso de integração com um vizinho que denota que sua proximidade conosco é somente geográfica.
O muro é a oportunidade de autovalorização de um continente rico, que não tem motivos para seguir clamando pela acolhida do resto do mundo. VÍCTOR GABRIEL RODRÍGUEZ
Mesmo com esse alto índice de aceitação de Lula, é cedo para tirar conclusões sobre o resultado da eleição, pois a campanha ainda está longe ele ainda perde para “brancos/nulos” e “não sei”.
ASSIS HENRIQUE DE SOUSA
Estranho a Folha usar quase uma página inteira para informar seus leitores que Lula poderá tornar-se inelegível em plena campanha eleitoral de 2018. E os demais presidenciáveis também citados na Lava Jato? Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra e outros? Eles também não se tornariam inelegíveis ou é só o Lula?
ALBERTO VILLAS
Justiça Além do título da reportagem, espanta a argumentação e os motivos utilizados por profissionais da área para “justificar” tal aberração. No lugar de tantas citações deveria haver apenas um sentimento: indignação (“Fralda Vs. Fraude”, “Poder”, 28/2).
MARCOS SERRA
Não sei o que é pior: a crueldade das penas ou sua explicação. Deve existir um lugar especial no inferno para quem as aplica.
JOSÉ DE SOUSA SANTOS
Bolsonaro A foto mais hilária deste Carnaval? Jair Bolsonaro, com expressão de contrita devoção e trajes de anjinho, sendo batizado pelo pastor Everaldo nas águas do rio Jordão (“Convite a Bolsonaro divide comunidade judaica no país”, “Poder”, 28/2).
FABRIZIO WROLLI
Acho Bolsonaro um deputado sem expressão, sobrevive repetindo chavões, criando polêmicas. Quem se der ao trabalho de pesquisar seu desempenho no Congresso verá um politico medíocre.
DENISE MESSER
Não existe emancipação política do cidadão. O trabalho sempre é subordinado aos demais poderes: governo e empresas. O cidadão deve ter a decisão. Por que pagar aposentadoria, saúde, educação ao governo? Por que sou obrigado pagar a um governo que não me ajuda (“Reforma movimenta fundo de servidores”, “Mercado”, 28/2)?
VANDERLEI NOGUEIRA
Carnaval Empurrado para o centro, o Carnaval chegou aos trambolhões, sem estrutura. Urinam em ruas e prédios. Por que a região é “menos residencial”, tudo bem? Os moradores são “menos gente”? Quem curte Carnaval escolhe um bloco por dia, brinca e vai embora. Tem de haver equilíbrio; alternar os espaços, fazer campanha eficiente contra urina na rua (“Tudo leva ao centro”, “Cotidiano”, 28/2). LUCIA BOLDRINI Oscar Esse aparente engano no anúncio da premiação de melhor filme precisa ser minuciosamente investigado. Motivos que suscitem toda a sorte de especulações sobre conspirações não faltarão. “Moonlight” é forte, sofisticado e profundamente triste, uma verdadeira aula de cinema. Bravo (“Apesar de ar de filme de arte, vencedor tem peso temático”, “Ilustrada”, 28/2)!
ANTONIO CARLOS AIDAR
Colunistas Uma delícia ler o texto de Bernardo Mello Franco sobre a trajetória verbal de Sérgio Cabral, onde o colunista mostra o ex-governador e sua vocação para humorista. Como a maioria dos políticos brasileiros, Cabral sabe que tem plateias sempre ávidas para ouvir suas mentiras. Gostaria de saber como é sua indignação verborrágica em Bangu (“O standup de Cabral”, “Opinião”, 28/2).
LUIZ THADEU NUNES E SILVA