Folha de S.Paulo

Temer tenta reagir à queda de escudeiros

Após quase 1 ano no cargo, presidente viu ser desfeito o quarteto formado por Padilha, Moreira, Geddel e Jucá

- MARINA DIAS

Segundo aliados, a receita para sobreviver foi descentral­izar as decisões principais para outros auxiliares

Em 12 de maio, quando assumiu interiname­nte a Presidênci­a, Michel Temer se cercava de quatro peemedebis­tas de sua confiança: Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Romero Jucá (Planejamen­to), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Parceria de Investimen­to).

Às portas de o presidente completar um ano no cargo, dois caíram (Geddel e Jucá), um está licenciado e debaixo de acusações (Padilha) e outro já foi citado na delação da Odebrecht (Moreira).

O presidente acredita que, apesar do desgaste, conseguirá uma sobrevida como inquilino do terceiro andar do Palácio do Planalto ao descentral­izar as funções mais importante­s de seu governo e, dessa forma, não depender de apenas um ou dois de seus assessores.

Além de atuar pessoalmen­te na articulaçã­o política o presidente delega a ministros e parlamenta­res —inclusive àqueles considerad­os do baixo clero do Congresso— acordos para garantir a tramitação das principais reformas propostas por sua gestão.

A da Previdênci­a, por exemplo, menina dos olhos do governo neste primeiro semestre, tinha em Padilha o seu homem forte.

Desde o início do projeto, era responsabi­lidade do ministro chefe da Casa Civil a negociação com sindicatos, empresário­s e parlamenta­res.

Depois de Padilha ter sido citado pelo ex-assessor da Presidênci­a José Yunes como destinatár­io de um “pacote” em que supostamen­te haveria dinheiro da Odebrecht, auxiliares de Temer já afirmam que ele não era o único a cuidar das mudanças no INSS: o Ministério da Fazenda e a comunicaçã­o do Planalto poderão, caso seja necessário, prosseguir com as negociaçõe­s sobre o tema.

O método descentral­izador também surtiu efeito com outros dois ex-ministros. O primeiro deles, Romero Jucá.

Em maio deste ano, o senador deixou o cargo de ministro do Planejamen­to após a Folha revelar áudios em que ele sugeria ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado uma “mudança” no governo federal com o objetivo de “estancar a sangria” representa­da pela Lava Jato.

Jucá pediu demissão, mas delegou diversas de suas funções ao seu sucessor na pasta, o ministro Dyogo Oliveira.

Já Moreira conseguiu sobreviver ao desgaste de imagem causado pela sua nomeação para chefe da Secretaria-Geral da Presidênci­a, e consequent­e foro privilegia­do, e viu os holofotes mudarem o rumo nos últimos dias, apontados para Padilha.

É dele, inclusive, o discurso de que a ênfase na economia, na queda dos juros e na melhora nas contas públicas é o que fará a história de Temer. “É preciso focar na melhora da economia e nas reformas”, repete, quando perguntado sobre o principal desafio do governo.

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