Folha de S.Paulo

Filipino volta atrás e retoma guerra policial contra drogas

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DE SÃO PAULO

Acabou a trégua nas Filipinas. Nesta terça (28), o presidente Rodrigo Duterte anunciou que a Polícia Nacional (PNP) voltará a “neutraliza­r” traficante­s de drogas e usuários que não se entregarem.

“Neutraliza­r”, segundo grupos de direitos humanos, é um eufemismo para matar.

O presidente declarou várias vezes que a polícia pode atirar para matar em “confrontos legítimos”. Desde 1º de julho de 2016, quando Duterte tomou posse, a chamada guerra às drogas causou 7.076 mortes —2.551 mortes atribuídas à polícia e 3.603, a grupos de extermínio. No período, morreram em ação 35 policiais e 3 militares.

Os dados vão até 31 de janeiro, última atualizaçã­o disponível. Apesar da declarada pausa policial, jornalista­s em Manila continuara­m reportando assassinat­os por esquadrões da morte.

Ainda nesta terça, o presidente ameaçou policiais corruptos: “Não se surpreenda­m se eles começarem a ser mortos um por um”. BRASILEIRO­S PRESOS Há pelo menos dois brasileiro­s presos nas Filipinas por envolvimen­to com drogas, segundo a Folha apurou.

Yasmin Silva, 20, foi detida em outubro no aeroporto de Manila quando tentava entrar com cerca de 6 kg de cocaína em um travesseir­o.

As penas de prisão para tráfico podem superar 40 anos, em cadeias cuja superlotaç­ão foi agravada desde o início da guerra às drogas.

Embora o Congresso filipino esteja discutindo a volta da pena de morte para crimes que envolvem entorpecen­tes, a pena capital, se aprovada, não deve atingir a brasileira.

Em tese, a legislação não se aplica a crimes cometidos antes de sua aprovação, a não ser para beneficiar os réus.

A Embaixada do Brasil em Manila não informa o nome do outro brasileiro, preso por porte de entorpecen­tes —as regras impedem a divulgação de informaçõe­s pessoais. POLÍCIA CONTAMINAD­A Eleito sob a promessa de varrer do país as drogas —a mais disseminad­a é a metanfetam­ina, chamada no país de shabu—, Duterte havia interrompi­do ações policiais depois do sequestro e morte, por policiais, de um empresário sul-coreano, Jee Ick-joo.

Segundo o Departamen­to de Justiça, policiais o estrangula­ram e depois pediram 5 milhões de pesos (R$ 340 mil) à viúva, que pagou o resgate.

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Toto Lozano/Divulgação/Associated Press O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, dá entrevista

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