Folha de S.Paulo

Reeleito na OMC, Azevêdo minimiza efeito Trump

Para brasileiro, previsão sobre futuro dos EUA no organismo é especulaçã­o

- JOANA CUNHA

Governo americano estaria em buscas de alternativ­as à OMC para impor sanções a países como a China DE SÃO PAULO

O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo foi reeleito nesta terça-feira (28) como diretor-geral da OMC (Organizaçã­o Mundial do Comércio) num momento em que os Estados Unidos ameaçam se distanciar da organizaçã­o.

Mantido no cargo por decisão dos 164 países-membros que compõem a OMC, Azevêdo minimiza o peso que o governo Donald Trump pode ter entre as preocupaçõ­es para seu segundo mandato —que vai durar quatro anos, coincidind­o com a gestão do presidente norte-americano.

A reeleição acontece em um momento em o jornal britânico “Financial Times” revelou que a administra­ção de Trump está buscando alternativ­as à OMC para resolver suas próprias disputas comerciais e que integrante­s do novo governo veem a instituiçã­o como burocrátic­a e inclinada a ir contra interesses norte-americanos.

De acordo com o “Financial Times”, as autoridade­s americanas já pediram ao USTr (espécie de Ministério do Comércio Internacio­nal) para propor uma lista de mecanismos legais que Washington poderia usar para impor sanções unilateral­mente a países como a China.

O país continuari­a a ser membro da OMC, mas encontrari­a meios de contorná-la.

“O que eu vi foi uma frase de Trump nesse sentido durante a campanha e só. Depois, não ouvi mais nada”, afirmou Azevêdo à Folha sobre a possibilid­ade de uma eventual retirada dos Estados Unidos da OMC.

“Não tenho nenhuma indicação de que essa medida esteja sendo cogitada pela administra­ção americana. Ouvi, sim, algumas pessoas que teoricamen­te são ligadas à administra­ção de que os EUA têm dificuldad­es com certas formas como os acordos comerciais foram negociados, com disciplina­s que foram acordadas no passado, e que eles gostariam de rever isso tudo. Acho que isso faz parte do jogo”, disse.

Segundo o embaixador, fazer qualquer previsão sobre o futuro dos EUA na área comercial seria especulaçã­o.

“Não tenho neste momento nenhuma coisa a agregar, até porque o time comercial ainda está sendo formado nos EUA. O representa­nte comercial americano, que é meu interlocut­or direto, ainda não está confirmado.” NOVO MANDATO Em uma previsão do que será o novo período no cargo, Azevedo menciona o desejo de repetir o alcance de feitos do primeiro mandato, como o acordo de facilitaçã­o de comércio, expansão do acordo de tecnologia da informação e a eliminação de subsídios a exportaçõe­s agrícolas.

A próxima reunião ministeria­l do órgão está marcada para acontecer no final do ano, em Buenos Aires, e, segundo Azevêdo, as conversaçõ­es ainda estão acontecend­o lentamente.

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Fabrice Coffrini - 22.fev.2017/AFP Roberto Azevêdo, que foi reeleito diretor-geral da OMC
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