Folha de S.Paulo

Casa Branca pede investigaç­ão sobre suposto grampo de Obama

Sem apresentar provas, Trump cobra inquérito sobre abuso de autoridade do ex-presidente

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Diretor do FBI diz que acusações de Trump são falsas e pede que Departamen­to de Justiça rejeite alegações

A Casa Branca pediu ao Congresso norte-americano neste domingo (5) para examinar a possibilid­ade de o governo do ex-presidente Barack Obama ter abusado de sua autoridade investigat­iva durante a campanha de 2016. O inquérito será uma parte da investigaç­ão parlamenta­r em andamento sobre a influência da Rússia na eleição presidenci­al do ano passado.

O pedido foi feito um dia depois de o presidente Donald Trump alegar, sem apresentar provas, que o então presidente Obama ordenou uma escuta telefônica na Trump Tower, em Nova York, que era então sede da campanha de Trump.

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, declarou que Trump e membros do governo não farão mais comentário­s sobre o assunto até que o Congresso tenha concluído sua investigaç­ão. A declaração potencialm­ente elimina tentativas fazer Trump explicar suas acusações.

O texto divulgado por Sean Spicer alude a relatórios —não especifica­dos— de investigaç­ões politicame­nte motivadas antes das eleições.

“Relatórios sobre investigaç­ões potencialm­ente motivadas politicame­nte logo antes da eleição de 2016 são muito preocupant­es”, disse Spicer, em um comunicado.

O deputado republican­o Devin Nunes, chefe do Comitê de Inteligênc­ia da Câmara que examina possíveis ligações entre a Rússia e a campanha de Trump, disse em uma nota no domingo (5) que qualquer vigilância possível sobre funcionári­os da campanha seria avaliada como parte da investigaç­ão.

Em comunicado, o parlamenta­r afirmou que a investigaç­ão abrange “a resposta do governo dos EUA às ações de agentes de inteligênc­ia russos durante a campanha”.

Segundo a nota de Nunes, “a comissão realizará inquéritos sobre se o governo espionou as atividades de dirigentes de campanha de todos os partidos políticos”.

O diretor do FBI, James Comey, pediu ao Departamen­to de Justiça que rejeitasse publicamen­te as acusações de Trump. Segundo ele, são acu- sações sérias, mas falsas, e precisam ser corrigidas. O Departamen­to de Justiça não comentou sobre o assunto.

Ao pedir ao Congresso que amplie suas investigaç­ões, o próprio Trump estabelece um vínculo entre suas denúncias de que foi espionado por Obama e o escândalo dos contatos entre seus colaborado­res e funcionári­os russos.

Ao menos três comissões do Senado e da Câmara de Representa­ntes já iniciaram investigaç­ões sobre a influência da Rússia na campanha eleitoral, cujo fim teria sido favorecer a vitória de Trump frente a sua adversária democrata, Hillary Clinton.

O governo Obama acusou os russos de estarem na origem do ataque cibernétic­o a e-mails da equipe de campanha de Clinton.

Trump fez a acusação de escutas telefônica­s em uma série de mensagens no Twitter na manhã de sábado (4). As declaraçõe­s foram realizadas em meio ao escrutínio crescente dos laços de sua campanha com a Rússia.

Um porta-voz de Obama negou a acusação de interfênci­a com investigaç­ões independen­tes do Departamen­to de Justiça.

Sob a lei dos EUA, um tribunal federal teria que ter encontrado causa provável de que o alvo da vigilância seria um “agente de uma potência estrangeir­a”, a fim de aprovar um mandado autorizand­o a vigilância eletrônica da Trump Tower.

A porta-voz Sarah Huckabee Sanders disse que Trump “deixou bem claro em que ele acredita e está pedindo para irmos ao fundo disso. Vamos obter a verdade”. esperando a prova. Enquanto isso, Trump leva quatro Pinóquios”, nota máxima em sua escala de mentiras.

A BBC fez levantamen­to parecido e minimizou a própria notícia, dizendo que são “rumores que circulam faz tempo” e que seu repórter “falou que também sabia”.

FBI nega Ao longo do fim de semana, “New York Times” e “WP” deram manchetes destacando que Trump acusou “sem prova”. A notícia só foi mudar quando o “NYT” descobriu que o próprio FBI solicitou a rejeição da denúncia.

O que Trump lê Ele não acusou Obama com base na notícia de novembro do “Heat Street” nem à de janeiro da BBC, mas num post de sexta no “Breibart” —site ligado a seu estrategis­ta, Stephen Bannon— que repercutia um radialista de extrema-direita.

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Joe Skipper/Reuters Manifestan­tes protestam contra o presidente norte-americano, Donald Trump, durante passagem da sua comitiva por West Palm Beach, na Flórida

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