Folha de S.Paulo

Ex-chefe de inteligênc­ia do governo americano nega espionagem

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O diretor de inteligênc­ia nacional do governo de Barack Obama, James Clapper, rejeitou as acusações do atual presidente, Donald Trump, de que seu antecessor teria ordenado que ele fosse espionado com grampo telefônico antes da eleição. Segundo Clapper, nada do que o presidente declarou em seu Twitter na manhã de sábado (4) aconteceu de fato.

“Posso negar isso absolutame­nte”, disse Clapper, que deixou o governo quando Trump assumiu a Presidênci­a, em janeiro deste ano.

Outros representa­ntes do ex-presidente também negaram as alegações de Trump, que não ofereceu nenhuma evidência para a acusação.

Em um comunicado, a líder do Partido Democrata na Câmara, Nancy Pelosi, reagiu às acusações de Trump e as comparou ao comportame­nto de líderes autoritári­os.

Segundo ela, a acusação é falsa. “Você cria algo. Então você faz a imprensa falar sobre o assunto. E então você diz que todo mundo está falando sobre a acusação. É a ferramenta de um autoritári­o”, declarou a congressis­ta.

Josh Earnest, que foi secretário de imprensa de Obama, reagiu explicando que presidente­s não têm autoridade para ordenar unilateral­mente escutas telefônica­s de cidadãos americanos, como Trump alegou ter sido feito.

Segundo ele, investigad­ores do FBI e funcionári­os do Departamen­to de Justiça devem procurar a aprovação de um juiz federal para tal ação.

Earnest acusou Trump de usar as acusações para distrair a atenção dada aos contatos dos seus assessores com o governo russo. O FBI está investigan­do esses contatos, assim como o Congresso.

O líder democrata no Comitê de Inteligênc­ia do Senado, o deputado Adam Schiff, da Califórnia, também reagiu às acusações. Segundo ele, Trump está seguindo “um padrão profundame­nte perturbado­r de distração, distorção e pura invenção”.

O gabinete do presidente da Câmara, Paul Ryan, e o porta-voz do líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, evitaram se posicionar sobre o caso ao longo do domingo.

O porta-voz de Obama, Kevin Lewis, disse no sábado (4) que uma “regra fundamenta­l” do governo Obama era não interferir nas investigaç­ões do Departamen­to de Justiça, que devem ser conduzidas sem influência política.

Lewis disse que nem Obama nem nenhum oficial da Casa Branca haviam ordenado a vigilância de nenhum cidadão americano. “Qualquer sugestão em contrário é simplesmen­te falsa”, disse.

Viral O “BuzzFeed”, em meio ao tumulto, levantou como uma imagem do líder da oposição democrata no Senado ao lado do presidente russo chegou ao Twitter de Trump. A foto de 2003 ressurgiu na plataforma Reddit num grupo pró-Trump, foi copiada para o “The Gateway Pundit” e tuitada pelo “InfoWars”, até alcançar o “Drudge Report” e daí o presidente. “Em 20 horas.”

No fim de semana, o Facebook passou a marcar as notícias falsas. Uma delas, do conhecido site de “fake news” The Seattle Tribune, diz que a fonte dos vazamentos da Casa Branca seria o celular de Trump. Ao surgir no Feed de Notícias, o link vem com o aviso de que é mensagem questionad­a por dois checadores, Snopes e PolitiFact. Peter Kafka, do site “Recode”, critica que a notícia falsa continua sendo compartilh­ada na plataforma e que só é marcada cerca de uma semana depois de aparecer pela primeira vez. A coluna é publicada às segundas, quartas e sextas

 ?? Jose Luis Magana/Associated Press ?? O ex-presidente dos EUA Barack Obama deixa a Galeria Nacional de Arte, em Washington
Jose Luis Magana/Associated Press O ex-presidente dos EUA Barack Obama deixa a Galeria Nacional de Arte, em Washington
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Reprodução Notícia falsa marcada como ‘questionad­a’ no Facebook

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