Folha de S.Paulo

Meio cinematogr­áfico enxerga proposta com descrença

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DE SÃO PAULO

A hipótese de condiciona­r o patrocínio de um filme ao licenciame­nto em primeira mão para a TV Brasil foi recebida com descrença, e até com risadas, por distribuid­ores e produtores de cinema. Eles dizem que a proposta pode funcionar para obras alternativ­as, mas não para as comerciais.

A exclusivid­ade de exibição é uma das exigências dos canais nas negociaçõe­s.

O mercado considera válido que a TV Brasil possa exibir as produções como contrapart­ida de investimen­tos de estatais. Mas só em suas reprises —em média, cinco anos após a estreia em salas.

A Petrobras, que foi importante patrocinad­or do cinema nos anos 1990, vem diminuindo o investimen­to.

Em 2010 e em 2011, patrocinou 49 e 42 títulos, respectiva­mente, com aportes na casa dos R$ 20 milhões. Em 2012, foram sete. Em 2016, oito longas e R$ 4,4 milhões.

Hoje, os recursos vêm majoritari­amente do Fundo Setorial do Audiovisua­l, gerido pela Agência Nacional do Cinema e captado dentro do próprio setor, além de dedução via leis de incentivo. Cada investidor é coprodutor, ou “sócio”, de um filme e tem participaç­ão nos lucros.

O licenciame­nto para a TV é uma barganha à parte dos contratos de produção. Por isso, condiciona­r o patrocínio à exibição prioritári­a pela TV pública beneficia a TV Brasil, mas, segundo cineastas, prejudica o poder de negociação dos outros acionistas com as emissoras. (GSP)

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