A verdade sobre o Butantan
O Instituto Butantan está sob ataque. O noticiário negativo se repetiu nas últimas semanas sem que fosse defendida a instituição, uma referência na área de saúde no Brasil e no mundo.
Dirigi o Butantan de 2011 até o início deste ano. Não tenho mais ligação com o instituto, mas me sinto na obrigação de protegê-lo. Mais do que isso, de expor a verdade.
O Butantan superou a crise em que esteve imerso. Trabalhou duramente para isso. É consenso que voltou a ser um centro de excelência na ciência e na produção de soros e medicamentos.
Quando assumi, uma fábrica que deveria produzir 20 milhões de vacinas contra a gripe não tinha entrado em operação por não atender as normas da vigilância sanitária. O problema foi sanado, e a capacidade máxima de operação foi atingida em dois anos.
Com ampliações, a fábrica ultrapassou a marca de 54 milhões de doses contra gripe em 2016. Em 2018, entregará 80 milhões, quatro vezes a previsão inicial.
Outros projetos essenciais para o país deslancharam. Está na fase final de testes uma vacina contra a dengue desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH). O Butantan já dispõe de financiamento federal para terminar os estudos e construir uma fábrica para produzi-la.
A zika ganhou prioridade. Como integrante do consócio mundial Zikaplan, o Butantan recebe recursos da União Europeia e do governo americano para estudos de uma vacina.
O instituto disponibilizou ainda uma vacina mais barata contra o HPV, que já está sendo administrada na rede pública.
Deficiências do passado estão sendo superadas. Foi preciso modernizar a produção de doses contra hepatite B, tétano, coqueluche e difteria. Terminamos a construção da moderníssima fábrica de medicamentos contra a raiva.
Um dos maiores desafios foi encontrar uma saída para outra fábrica, a de hemoderivados. Erguida com um projeto técnica e economicamente inviável, ela não opera desde 2010. Agora finalmente se vislumbra uma solução para esse equipamento.
Os ganhos de qualidade da gestão se refletiram na receita do Butantan, que saltou de R$ 300 milhões para R$ 1,6 bilhão em seis anos.
Conquistas como essas seriam aplaudidas em qualquer país. Avanços que ajudam a resolver problemas nacionais são a chave para transformar o Brasil em uma economia exportadora de alta tecnologia.
Por que, então, o Butantan tem sido tão enxovalhado?
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer: o instituto atravessou uma grave crise derivada de erros administrativos e desmandos que o levaram, em 2009, a uma grave situação econômica e financeira incompatível com sua reputação.
Fui incumbido de sanar esses problemas. Tinha como credenciais uma longa e respeitada carreira como cientista na área imunológica, além do fato de ter ajudado o Instituto do Coração (Incor) a superar uma grande crise administrativa.
Mas o Butantan não está sob fogo por conta de suas finanças, afinal já recuperadas. Dotado de grande visibilidade, prestígio e aprovação da sociedade, tornou-se alvo de disputas políticas.
Reforço que são mentirosas as acusações utilizadas para derrubar minha gestão e que tenho os documentos comprobatórios a quem se interessar.
Saio com orgulho de ter ajudado a devolver o Butantan aos trilhos da excelência. Agradeço o trabalho e apoio de todos os colaboradores do instituto. Merecem respeito o espírito público e o zelo com que essa equipe sempre trabalhou. Com a consciência tranquila, sigo contribuindo como cientista e professor. JORGE KALIL,
É incrível que, depois de criarem uma crise bíblica, pior que o crash de 1929, esses economistas tagarelem que, “sem reformas, capacidade de recuperação é limitada”. Ilimitada é a capacidade de dizerem asneiras, porque foi esse arrocho sem tamanho e tarifaço nas contas públicas que jogaram o Brasil no desespero. Proponho que as reformas comecem no caderno “Mercado” (“Para analistas, retomada tende a ser lenta”, “Mercado”, 8/3).
LUIS F. ARMIDORO RAFAEL
Como as feministas têm um papel relevante na luta contra o patriarcado e o machismo, elas são vistas com desconforto por aqueles que não desejam mudanças, como, por exemplo, Leandro Narloch, autor do texto “O feminismo é importante demais para ficar na mão das feministas” (folha.com/no1864606). Texto esse que desqualifica as lutas feministas. O feminismo deveria ficar nas mãos dos machistas? Piada!
BEATRIZ REGINA ALVARES